Linha Saúde 24 vai investigar chamadas falsas em dia de greve dos trabalhadores

Funcionários estão contra a redução salarial e os despedimentos, que consideram ser uma "retaliação".

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Só metade dos trabalhadores compareceram ao serviço neste sábado Daniel Rocha/Arquivo

O administrador da empresa que gere a Linha Saúde 24 revelou que metade dos trabalhadores não compareceu neste sábado ao serviço, sem qualquer aviso prévio. Luís Pedroso Lima acrescentou que a linha recebeu um "elevado número" de chamadas falsas, cuja origem prometeu averiguar.

Os enfermeiros que fazem atendimento telefónico concentraram-se à porta dos escritórios de Lisboa e do Porto, em protesto contra os despedimentos que consideram ser uma "retaliação clara" por “não terem aceitado a redução salarial e exigirem um contrato de trabalho em vez do ilegal falso recibo verde", afirmou à Lusa um dos funcionários. A paralisação prolonga-se por 24 horas, desde as 8h deste sábado.

Em declarações à Lusa, o administrador Luís Pedroso Lima disse que o serviço funcionou com metade dos colaboradores. "Obviamente que este diferendo perturba sempre o funcionamento da linha", admitiu o administrador da empresa LCS, responsável por esta linha do Serviço Nacional de Saúde.

Luís Pedroso Lima adiantou que a Linha de Saúde 24 recebeu "um elevado número de chamadas falsas", as quais eram desligadas "ao fim de seis segundos de comunicação". "Sendo este um serviço de interesse público, em que está a causa a saúde das pessoas, este tipo de chamadas perturba seriamente a qualidade clínica do trabalho que temos vindo a realizar", disse. Sem querer adiantar a quem atribui este "elevado número" de chamadas falsas, prometeu "apurar" a sua origem, através de "uma análise cuidada da situação".

Também o Director-geral de Saúde, Francisco George, se mostrou apreensivo com o problema. "As chamadas falsas podem criar problemas graves, uma vez que os cidadãos, em caso de situações graves, ficariam sem este serviço disponível", disse.

Francisco George considera "absolutamente essencial garantir, nos termos do contrato, o funcionamento da linha, com a manutenção da qualidade que desde sempre foi reconhecida". A linha é operada por uma empresa privada mas é a Direcção-Geral de Saúde a entidade responsável por supervisionar a qualidade do serviço.

Sobre as declarações da coordenadora do Bloco de Esquerda Catarina Martins, que apontou a Saúde 24 como um exemplo do que acontece quando se privatizam serviços públicos, Francisco George recordou que a linha "foi sempre explorada por empresas privadas, no quadro de um contrato que foi subscrito no seguimento de concursos públicos, tal como o presente".

"Estamos perante um serviço que funciona com grande qualidade e é reconhecido pelos cidadãos como tendo grande qualidade e que reduz a procura desnecessária dos cuidados de urgência e que desde sempre foi operacionalizado por empresas privadas", adiantou.

Pagamento por hora cai 1,75 euros
Luís Pedroso Lima explicou que a redução do valor pago por hora aos colaboradores se deve à diminuição do montante que o Estado paga à empresa e que este ano será "70% mais baixo do que o valor inicialmente contratado". A proposta da empresa é de baixar dos 8,75 euros pagos actualmente por hora de trabalho para os sete euros, "ainda assim superiores aos cinco euros por hora praticados nos hospitais do SNS", sublinhou.

Em relação aos colaboradores que não trabalharam neste sábado, o administrador ressalvou: "Não estamos perante uma greve, porque tal pressuporia um aviso de greve. Nem sequer fomos informados de que isto ia acontecer".

Na segunda-feira, a LCS volta a reunir-se com o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses, esperando ouvir desta organização representativa dos trabalhadores "propostas concretas".
 
 

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