Câmara de Matosinhos fecha serviços em Agosto

Autarquia vai ter apenas serviços mínimos na segunda quinzena de Agosto. Funcionários têm de gozar férias nessa altura.

Foto
NorteShopping poderá ser ampliado para sul, ocupando terrenos actualmente públicos, onde hoje há ruas e estacionamento Fernando Veludo/NFactos

Num gesto inédito entre as autarquias da região, a Câmara de Matosinhos decidiu, esta sexta-feira, que a partir de 2014 os serviços municipais vão estar praticamente encerrados na segunda quinzena de Agosto. Os funcionários são obrigados a gozar pelo menos dez dos seus dias de férias nesse período, mas haverá excepções que vão ser definidas por cada departamento.

O presidente da câmara, Guilherme Pinto, explicou que a medida “é de boa gestão”, tendo em conta o número reduzido de atendimentos feitos nesta altura do ano. "Vai permitir termos a maioria dos funcionários disponíveis quando eles são efectivamente necessários, gerando ganhos de produtividade brutais”, argumentou, na reunião da câmara municipal de sexta-feira, dando conta de que a comissão de trabalhadores da autarquia deu o seu aval à proposta.

Em resposta às dúvidas do vereador Pedro da Vinha Costa, do PSD, que votou contra, o autarca independente sublinhou que entre os serviços mínimos será garantida resposta às necessidades dos emigrantes, que costumam aproveitar a altura do ano em que regressam a Portugal para tratar de assuntos nos respectivos municípios.  

Ao mesmo tempo que altera, desta forma, a organização dos serviços, a Câmara de Matosinhos aprovou também nesta reunião um acordo com os sindicatos representativos da administração local para a manutenção do regime de 35 horas de trabalho semanais no município. A medida foi apoiada pela oposição, com excepção de Pedro da Vinha Costa, que se absteve.

Na reunião foi aprovado o envio para a assembleia municipal da proposta de desafectação do dominío público municipal do parque de estacionamento a sul do NorteShopping, na Senhora da Hora, bem como dos arruamentos circundantes. A decisão abre portas ao início do processo de ampliação daquele espaço comercial para esta zona a sul que, garante Guilherme Pinto, será submetido a discussão pública. Pedro da Vinha Costa questionou a desafectação do terreno ainda antes desse período de discussão, mas Guilherme Pinto garantiu que, em domínio público ou privado, o terreno será sempre municipal se a pretensão do dono do centro comercial acabar por ser recusada.

Este primeiro ponto relativo à expansão do NorteShopping mereceu o voto contra do PSD e do vereador da CDU, José Pedro Rodrigues, tendo ambos optado pela abstenção nos dois pontos seguintes relativos ao mesmo tema: a câmara decidiu mandar elaborar um estudo de tráfego na área envolvente à zona comercial e vai pedir à Comissão do Mercado de Valores Imobiliários a nomeação de um perito para determinar o valor do terreno que admite ceder e dos dois lotes, junto ao Cemitério da Senhora da Hora, que a Sonae pretende dar em troca.  

“Fui eu que coloquei em causa os valores atribuídos pelo proponente”, vincou Guilherme Pinto, numa resposta às questões levantadas por Pedro da Vinha Costa. O comunista defendeu que fosse feito um estudo sobre o impacto da ampliação do shopping no comércio da envolvente, mas a sua proposta não foi atendida.

Nesta reunião foi decidido abrir um novo concurso para reabilitação de um edifício em Brito Capelo para instalação do Espaço Quadra – Inovação e Criatividade, no valor de 950 mil euros. Nenhuma das cinco propostas entregues no primeiro concurso foi aceite, por inconformidades várias, e uma das razões, admite-se, pode ter sido o prazo demasiado curto dado aos concorrentes. Foi também decidido dar mais três meses ao empreiteiro que está a reabilitar a Casa de Chá da Boa Nova. Este não conseguiu encontrar no mercado o tipo de telha exigido pelo autor da obra e do projecto de reabilitação, Siza Vieira, e só uma firma se disponibilizou a fabricar o material, que não chega a tempo dos prazos previstos. Guilherme Pinto assegura que o sobrecusto deste percalço não recairá sobre o município.

Ainda na área da reabilitação urbana a Câmara de Matosinhos decidiu abrir um concurso público, no valor de três milhões de euros, para a segunda fase da requalificação da Real Vinícola. Guilherme Pinto reiterou a intenção de instalar ali a Casa da Arquitectura, tendo em conta, assumiu, que será difícil nos próximos anos concretizar o projecto de Siza para um novo edifício com aquela finalidade, dado que este custaria 36 milhões, “mais do que o Museu de Serralves”, assinalou. Aproveitando uma janela aberta por um convite para candidatura a fundos comunitários, a autarquia avança com este concurso e suspende um outro lançado no Verão, de 470 mil euros, com o qual pretendia executar uma intervenção de segurança no imóvel.  
 

Sugerir correcção
Comentar