Câmara do Porto e associação Plateia discutem uso do Teatro do Campo Alegre e do Rivoli

Desfecho do processo envolvendo a Seiva Trupe voltou a ser alvo de críticas pela oposição.

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Vereador da Cultura disse querer fazer do Teatro do Campo Alegre "um teatro aberto e livre" Paulo Ricca/Arquivo

O vereador da Cultura da Câmara do Porto, Paulo Cunha e Silva, e a associação Plateia reuniram-se, na tarde desta segunda-feira, para discutir, entre outros temas, a futura ocupação do Teatro do Campo Alegre (TCA) e do Rivoli. A Plateia, que congrega vários profissionais do teatro e da dança, diz-se disposta a "facilitar a execução prática das políticas" que o vereador quer pôr em prática.

Paulo Cunha e Silva anunciou o encontro com a Plateia durante a reunião pública do executivo desta manhã, quando se discutia, mais uma vez, o desfecho do processo negocial com a Seiva Trupe. “Hoje à tarde recebo a Plateia, no sentido de encontrar com eles novos modelos de ocupação do Teatro do Campo Alegre”, disse Paulo Cunha e Silva. O vereador foi o último a intervir numa discussão que se prolongou por largos minutos e que foi iniciada pelo vereador da CDU, Pedro Carvalho, que revelou “insatisfação pela forma como o caso Seiva Trupe foi tratado”.

Ao PÚBLICO, Carlos Costa, da direcção da Plateia, garante que a reunião foi muito para além do futuro dos dois teatros municipais. "A reunião correu bem. Fomos fazer uma coisa que não fazíamos há muitos anos, que é falar com o vereador da Cultura. Há doze anos que a Plateia não era recebida nos Paços do Concelho. Queremos assinalar o fim de um período de hostilidade em que não houve qualquer contacto com os sucessivos executivos [de Rui Rio]", disse Carlos Costa, no final do encontro com Paulo Cunha e Silva, que se estendeu por mais de uma hora.

A reunião, esclareceu, serviu para que ambas as partes ouvissem o que a outra tinha a dizer. "Manifestámos a preocupação pelo estado em que sucessivos executivos, desde 2002, deixaram o tecido profissional das artes performativas e ouvimos os planos que o novo vereador traz, disponibilizando-nos para colaborar", esclarece Carlos Costa. Nesse sentido, acrescenta, "nos próximos dias", a Plateia vai entregar a Paulo Cunha e Silva "um levantamento do tecido profissional em actividade na cidade e dos locais onde é possível fazer apresentações" de espectáculos.

O TCA e o Rivoli acabaram por ser também discutidos, mas como parte de uma discussão mais ampla, em que estes espaços poderão ser utilizados pelos vários agentes da cidade, explicou o dirigente associativo. "Este vereador parece interessado em inverter o vazio em termos culturais dos últimos anos", disse.

A 13 de Dezembro a Câmara do Porto anunciou o fim das negociações com a Seiva Trupe, e a sua consequente saída do TCA, enquanto companhia residente. A Seiva Trupe reagiu, dizendo que iria avançar para tribunal.

Na manhã desta segunda-feira, o presidente da autarquia, Rui Moreira, assumiu “a responsabilidade pessoal” pela resolução do processo, iniciado pelo seu vereador da Cultura. Perante as críticas da CDU e do PSD – Amorim Pereira acusou mesmo o executivo de “lançar napalm para cima da Seiva Trupe” -, Rui Moreira pediu ao seu chefe de gabinete, Azeredo Lopes, que explicasse o processo negocial. Este traçou em linhas gerais o quadro que já foi divulgado – a Seiva Trupe não terá abdicado de ser companhia residente do TCA e não terá aceitado as alternativas propostas pela autarquia, tendo as negociações sido rompidas.

Paulo Cunha e Silva resumiu o processo: “Não queremos uma companhia municipal de teatro. Aceitaríamos ter uma companhia residente, acontece que a Seiva Trupe não reside”, disse o vereador. A ocupação do TCA por outras companhias da cidade, defendeu Cunha e Silva, irá fazer “daquele teatro um teatro aberto e um teatro livre”.

Planos de pormenor aprovados  

Na reunião desta manhã, o executivo aprovou ainda, por unanimidade, a abertura de um período de discussão pública dos planos de pormenor do Dallas e das Antas. Neste último caso, o que estava em causa eram, sobretudo, correcções ao plano de pormenor aprovado em 2002, mas do qual apenas foi concretizado cerca de 30%.

Antes, Ricardo Almeida, do PSD saudara a constituição da Frente Atlântica do Porto, pela câmara liderada por Rui Moreira, por Matosinhos e Vila Nova de Gaia, mas insistira na necessidade de envolver no processo o Conselho Metropolitano do Porto e a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDRN).

Na resposta, Rui Moreira garantiu que a CCDRN esteve a par do processo desde o início. “Não excluímos a CCDRN, bem pelo contrário. Em reunião com o presidente da CCDRN e com o secretário de Estado responsável pelos fundos comunitários foi-nos que dito serão privilegiadas as candidaturas transmunicipais, o que justificou esta estratégia [de cooperação entre os três municípios]”, disse.

O executivo aprovou ainda um voto de pesar, apresentado pelo vereador do Urbanismo, Correia Fernandes, pela morte de Nadir Afonso, no qual se sugere que uma das ruas da cidade venha a receber o nome do arquitecto e pintor.

No período dedicado ao público, em resposta a uma munícipe que solicitou que toda a Avenida de Fernão Magalhães passe a permitir a circulação viária em ambos os sentidos, a vereadora com o pelouro da Mobilidade, Cristina Pimentel, garantiu que a câmara “vai tentar fazer o mais rapidamente possível” o plano de mobilidade da cidade, avaliando, em simultâneo, “qual a utilização do corredor BUS” de Fernão Magalhães e se, efectivamente, é possível “racionalizar um pouco a sua utilização”. A boa notícia que a vereadora tinha para a moradora é que a Rua de Santos Pousada – usada como alternativa para quem quer dirigir-se ao centro e não pode descer a Fernão de Magalhães – vai ser repavimentada já em 2014, no âmbito de uma intervenção das Águas do Porto. 
 
 

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