Democracia pelicana

As canetas de tinta permanente da Pelikan são boas não obstante o que custam.

Estou sempre a lembrar-me do meu pai. No sábado fomos a Lisboa, ao Corte Inglés. Equivale a ir ao Bergdorf Goodman em Manhattan para saloios como nós, que vivemos em Almoçageme, muito contentes.

É bom comprar no mesmo sítio duas águas de colónia difíceis de encontrar e uma das melhores e mais duradouras canetas de tinta permanente de sempre (a Pelikan M200, por 70 euros), deixando lá uma M200 rebentada, com 30 anos de idade e 3000 folhas de serviço, para reparar. Paga-se 10 euros como depósito. Se aceitarmos o orçamento da reparação é deduzido do custo. Se rejeitarmos o orçamento os 10 euros são-nos devolvidos.

É um serviço antiquado e especialista que já é raro encontrar. Só é pena não venderem aparos da Pelikan. São famosamente substituíveis, como as lentes da Nikon. Pode comprar-se uma M200 e equipá-la de um aparo de ouro da M400 (que custa 90 euros). Por 160 euros fica-se com uma M200 com aparo de aço e outro aparo, dourado, da M400.

A M400 com o mesmo mecanismo e aparo custa 240 euros. O aspecto, fora os douradinhos adicionais, é igual. A Pelikan é, de longe, a melhor produtora de canetas do planeta. A Montblanc é bastante pior, apesar de ser muito mais cara. Há perfumes e relógios da Montblanc. Da Pelikan há apenas, gloriosamente, canetas.

As canetas de tinta permanente da Pelikan são boas não obstante o que custam: as de 10 ou 20 euros são tão boas (ou quase tão boas; ou melhores) como as que custam 200, 400 ou 800.
 

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