Após "tremenda derrota" na realização da prova, Fenprof pede demissão de Crato

Federação calcula que cerca de seis mil professores, em 13.500, não conseguiu realizar exame.

A Federação Nacional dos Professores (Fenprof) não conhece ainda os números finais. Ao princípio da tarde desta quarta-feira tem a certeza de que foram cerca de 40 as escolas onde a prova de avaliação de conhecimentos e capacidades não foi realizada. Se em cada uma dessas escolas estivessem 150 professores inscritos, então seriam seis mil os que não conseguiram realizá-la, ou seja, quase metade dos 13.500 inscritos. Portanto, esta foi uma "tremenda derrota" para a equipa ministerial que, até logo à noite, deveria apresentar a sua demissão.

As contas foram apresentadas por Mário Nogueira, secretário-geral da Fenprof, em conferência de imprensa em conjunto com outras cinco organizações sindicais, em Lisboa. A resposta que os professores deram ao Ministério da Educação e Ciência – ao fazer greve, que rondou os 96%, à vigilância das provas e não as realizando – foi "proporcional à humilhação"a  que a tutela "os quis sujeitar", declara.

Em muitas escolas, a prova não foi feita devido a perturbações que o secretário de Estado dos Ensinos Básico e Secundário condenou ao início da tarde. Em conferência de imprensa, João Grancho considerou "inaceitável" que outros professores e outras pessoas tenham impedido a realização da prova. A Fenprof devolve as acusações e diz que a culpa das perturbações é do ministério. Cabia-lhe assegurar as condições normais de realização do exame e estas não se verificaram em muitas ocasiões.

Mário Nogueira lembra que houve professores a fazer a prova em ginásios e refeitórios; que a prova que deveria ter começado às 10h30 e teve início em horários diferentes; que houve candidatas em licença de maternidade ou grávidas que foram obrigadas a fazer a prova. "Valeu tudo", resume, criticando ainda a presença de polícias nas escolas.

“Quando os professores chegam à escola de manhã e há um dispositivo policial como se de bandidos se tratasse, imediatamente está criado o problema, o clima de instabilidade”, afirmou Mário Nogueira. O dirigente sindical defendeu que a escola é o espaço dos professores: “Não é o espaço da polícia. Quando há agressões a professores dentro da escola, a intervenção não é assim tão pronta; hoje estavam lá a proteger não sei o quê.”

Mário Nogueira sublinha que a "prova está ferida de morte" e que só se mantém por "birra" do ministro. Por isso, exige a demissão de Nuno Crato até à noite desta quarta-feira. "O ministro devia apresentar a sua demissão", defende Mário Nogueira. Entretanto, estas estruturas sindicais não vão desisitir e "a luta continua" tanto no plano jurídico, com a manutenção de 20 acções principais nos tribunais, como no plano político, solicitando uma reunião com a tutela para pedir a anulação da prova. Os sindicatos vão também pedir reuniões a outras entidades, entre as quais, por exemplo, a Comissão de Educação, Ciência e Cultura da Assembleia da República e a Provedoria da Justiça. E garantem que vão ainda investigar de forma mais aprofundada eventuais ilegalidades ocorridas durante esta manhã e perceber se, depois de ter recebido a citação do Tribunal Administrativo e Fiscal do Funchal, o ministério enviou a resolução fundamentada "a tempo", isto é, antes do início da realização da Prova de Avaliação de Conhecimentos e Capacidades.O resultado dessas investigações será, depois, apresentado à Procuradoria-Geral da República.

Quando o ministério anunciar uma nova data para os professores que não conseguiram realizar a prova nesta manhã, os sindicatos deverão entregar novo pré-aviso de greve.

Na conferência de imprensa, Mário Nogueira sublinhou ainda a "solidariedade" e a "união" demonstrada por professores, sejam do quadro, sem vínculo, com mais ou menos de cinco de anos de serviço.
 

 

 
 
 
 
 
 
 

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