Maia já ultrapassou em 2013 as metas para 2020 de reciclagem por habitante

Projecto de recolha de resíduos recicláveis porta a porta está a ser um sucesso.

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até Novembro, a Maia enviou para a Lipor mais 36,2% de embalagens do que nos onze meses homólogos de 2012 Adriano Miranda

Cada habitante da Maia recicla anualmente quase 70 quilos de resíduos urbanos, entre plásticos e embalagens, vidro e papel. O resultado já conseguido está muito acima da meta de reciclagem per capita que o país tem de cumprir… em 2020, que é de 47 kg/hab/ano.

O projecto de recolha selectiva porta-a-porta levado a cabo desde Novembro de 2012 no concelho fez disparar as quantidades de resíduos reaproveitáveis que escapam ao aterro, explicou ao público o director-geral da Maiambiente, Carlos Mendes. Nos 11 meses do ano já contabilizados, as subidas são de 61% no vidro recolhido, de 36,2% nas embalagens e de 25,1% face ao mesmo período do ano passado em que ainda não estava implementado o novo sistema, que recentemente foi mostrado em Bruxelas enquanto finalista dos prémios RegioStars, que distinguem exemplos de boa aplicação de fundos comunitários.

A comodidade oferecida aos 130 mil habitantes do concelho teve um resultado “para além das melhores expectativas”, confessou Carlos Mendes, assinalando que os maiatos já estão a reciclar uma vez e meia mais do que a média alcançada em Portugal.

No mesmo período, e um pouco como aconteceu no país, por força da crise e da redução no consumo, a quantidade total de resíduos produzidos no concelho baixou 2,8%. Mas a quebra, na verdade, concentrou-se por completo no lixo indiferenciado, que caiu 8,4%. Ou seja, fez-se menos lixo com destino a aterro e valorização energética, e uma parte maior dos detritos, mais 10,9%, foi encaminhada para um novo ciclo de vida, por via da reciclagem. E ainda nem sequer foi estendida a todas as moradias unifamiliares do concelho a recolha selectiva de vidro, explicou Carlos Mendes, admitindo que os números, neste caso, possam melhorar bastante.

O administrador elogia a adesão à nova organização do serviço de recolha dos maiatos, que receberam em casas e apartamentos ecopontos domésticos para fazerem a separação do lixo. Mas considera que o mérito é também da empresa Maiaambiente, pela forma como tenta adaptar-se, em termos de frequências, horários de recolha e modernização de processos, às necessidades da população. “Estamos a conseguir fazer mais com menos recursos do que tínhamos há oito anos”, vinca o responsável.

Há oito anos, precisamente, o município aprovou um plano de aumento gradual da taxa de resíduos a pagar pelos seus habitantes. Os maiatos pagam mais mas, neste momento, as tarifas aplicadas e os ganhos de eficiência conseguidos — que ajudam a população a aceitar os valores pago, nota o administrador — garantem a cobertura dos custos com as receitas, quando, segundo o regulador do sector, no país, a taxa de cobertura ronda os 33%. O que coloca o município em boa posição para experimentar, “num futuro imediato”, soluções de incentivo — com descontos ou penalizações para os munícipes com melhor desempenho ambiental nesta área — à menor produção de lixo indiferenciado.

“É bom que a população sinta no bolso as vantagens de um comportamento adequado, e vice-versa”, argumenta Carlos Mendes. E a ideia de cobrar pelo lixo numa lógica conhecida internacionalmente como PAYT — Pay as You Throw — está já a ser estudada numa área piloto do concelho, em parceria com a Lipor, sistema multimunicipal no qual a Maia está integrado. Na zona escolhida, a produção de lixo de cada casa vai ser monitorizada e os dados disponibilizados num site aos munícipes envolvidos. Paralelamente ao que cada família paga hoje, haverá uma tarifa “virtual”, com uma forma de cálculo que premeia o desempenho, e que passará a ser divulgada no perfil de cada utilizador. Que passa assim, a saber, quanto poderia poupar se, em vez de indexada ao consumo de água, a taxa de Resíduos Sólidos Urbanos fosse estabelecida de acordo com as quantidades de lixo que produz.

Carlos Mendes não consegue dissociar a evolução da recolha de RSU na Maia das políticas urbanísticas que, há umas duas décadas, impuseram, por exemplo, a instalação de espaços para deposição de resíduos no rés-do-chão de prédios multifamiliares. E releva também, no mesmo período, o efeito das políticas de educação ambiental levadas a cabo nas escolas. “Se pensarmos bem, as primeiras crianças abrangidas por esses programas são hoje adultos. Isto talvez ajude a explicar a adesão das pessoas aos nossos desafios”, admite o administrador da empresa municipal.

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