Mau tempo na Madeira fez um morto e provocou vários danos materiais

Cancelado o aviso vermelho, depois de uma noite em que duas dezenas de embarcações se afundaram e se registaram algumas derrocadas e deslizamentos de terras. Um homem caiu ao mar e acabou por morrer, em Machico.

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A chuva e vento fortes registados durante a madrugada desta quarta-feira na Madeira provocaram vários estragos materiais, particularmente nas zonas junto à costa. As condições meteorológicas melhoraram esta manhã, o que levou o governo regional a reabrir os estabelecimentos de ensino da parte da tarde, mas a agitação marítima continua e provocou já uma vítima mortal.

Um funcionário da Câmara de Machico ficou ferido com gravidade depois de cair ao mar, pelas 8h15, quando tentava amarrar uma embarcação de apoio ao Museu da Baleia no porto de abrigo da cidade e socorrer dois navegadores alemães. Acabou por morrer no hospital.

Quando foi resgatado, o funcionário camarário estava inanimado, em paragem cardiorrespiratória e em situação de hipotermia, revelou o coordenador do serviço regional de emergência médica, Eugénio Mendonça. Apesar de todos os cuidados prestados no local (reanimação cardiorrespiratória e desfibrilação), não foi possível salvar o acidentado, adiantou.

"O João Miguel acabou por morrer já no hospital central do Funchal, para onde foi transportado”, confirmou ao PÚBLICO o presidente da câmara, Ricardo Franco. A vítima, com 45 anos, casado e pai de dois menores, era mestre do veleiro propriedade da autarquia e que estava afecto ao Museu da Baleia, localizado no Caniçal.

Apesar dos fortes períodos de vento e precipitação verificados durante a última noite, nalguns momentos acompanhados de trovada, "não houve grandes problemas, com excepção de algumas derrocadas, quedas de árvores e deslizamentos de terras sem grandes consequências", revelou o presidente do Serviço Regional de Protecção Civil, Luís Néri.

Devido às derrocadas, encontram-se encerradas as ligações Portela-Porto da Cruz, a estrada junto ao cemitério novo desta localidade no Norte da ilha, e as estradas Serra d'Água-Encumeada e Encumeada-Lombo do Mouro, na Ribeira Brava.

Atendendo às condições meteorológicas adversas e de segurança que os acessos às escolas ofereciam, o Governo Regional da Madeira decidiu manter encerradas as escolas na manhã desta quarta-feira. Mas, depois de uma reavaliação feita com a Protecção Civil, anunciou a reabertura das actividades lectivas em todos os estabelecimentos de ensino a partir das 13h.

Aviões em terra e barcos ao fundo
Esta decisão de encerrar as escolas surgiu depois de já na terça-feira se terem registado danos consideráveis na costa Sul da Madeira. As condições atmosféricas adversas registadas no final da tarde e noite de terça-feira afectaram as ligações áreas. Devido ao cancelamento de um total de 23 movimentos (13 das 19 chegadas e 12 das 21 partidas previstas) de aviões no aeroporto madeirense que foram desviados para o Porto Santo, Lisboa e Lanzarote, foram afectados cerca de três mil passageiros. A TAP cancelou o seu primeiro voo desta quarta-feira, com destino a Lisboa.

Na capital madeirense são visíveis os estragos em piscinas de hotéis, na marina e nas obras de construção do novo cais de cruzeiros. Pelo menos duas dezenas de embarcações que estavam no porto de abrigo de Santa Cruz e de Machico, todas elas sem ninguém a bordo, afundaram-se devido à forte ondulação, anunciou o comandante da Zona Marítima da Madeira, Félix Marques. Houve igualmente danos nos portos de abrigo e marinas daquelas cidades, tendo também sido projectadas pedras que danificaram o parque desportivo de Água de Pena. A piscina municipal do Caniçal ficou igualmente danificada.

Na Calheta, afundaram-se duas embarcações que estavam na marina junto à praia artificial, cuja areia marroquina desapareceu com as ondas.

As condições atmosféricas adversas no arquipélago estão também a afectar as ligações marítimas na região. As ligações entre o Funchal e o Porto Santo foram canceladas até quinta-feira, por razões de “segurança do navio e dos passageiros”, diz a empresa operadora.

Três navios de cruzeiro alteraram as escalas na sequência da forte ondulação nos mares da região: o Albatroz pernoitou no porto do Funchal; e o Aida Blue, que devia sair na noite de terça-feira, adiou a partida para a manhã desta quarta-feira, dia para o qual o MSC Harmonia adiou a chegada. Segundo a Administração dos Portos da Madeira, não há previsão de saída dos dois navios cargueiros atracados no porto do Caniçal.

As regiões montanhosas da Madeira encontravam-se sob aviso vermelho, o mais grave de uma escala de quatro, devido à previsão de precipitação e ventos fortes do quadrante Sul com rajadas que atingiram os 130 quilómetros/hora. Mas já esta manhã, o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) passou o aviso para amarelo, atendendo à previsível melhoria das condições atmosféricas e marítimas.

Notícia actualizada às 14h25 desta quarta-feira
 

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