Por que não foram o Dalai Lama, Netanyahu e Putin ao funeral de Mandela

A África do Sul rejeitou duas vezes visto ao líder tibetano para não prejudicar as relações com Pequim.

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Barack Obama, David Cameron e a primeira-ministra da Dinamarca, Helle Thorning Schmidt Roberto Schmidt/Reuters

O funeral de Nelson Mandela juntou em Joanesburgo cem actuais ou antigos chefes de Estado. Mas alguns decidiram não ir, como o líder tibetano Dalai Lama ou o russo Vladimir Putin. O primeiro esteve ausente por motivos políticos, o russo não se sabe bem.

O Dalai Lama, que como Mandela recebeu um Prémio Nobel da Paz, optou por não ir a Joanesburgo porque a África do Sul lhe recusou, duas vezes, o visto de entrada no país. O argumento do governo de Pretória foi sempre a China, país com que não queria criar um conflito ao permitir a entrada ao líder do Tibete, terrirório ocupado pelo governo de Pequim.

A ausência de Vladimir Putin foi mais notada, até devido ao apoio que a antiga União Soviética sempre deu à luta de Mandela contra o apartheid. Em representação da Rússia também não foi o primeiro-ministro; o Kremlin enviou  o presidente da câmara alta da Duma (Parlamento) e Putin - que quinta-feira faz o discurso sobre o estado da nação - assinou o livro de condolências da embaixada sul-africana em Moscovo e comparou Mandela a Gandhi.

Benjamin Netanyahu e Shimon Perez, respectivamente primeiro-ministro e Presidente de Israel, também optaram por faltar à homenagem a Mandela. Argumentaram que a viagem era demasiado cara, mas a BBC diz que a verdadeira razão é outra:  recearam desencadear, no estádio do Soweto, protestos devido aos antigos laços entre Telavive e o regime do apartheid e contra a ocupação da Palestina.

Outra ausência notada foi a do Presidente do Irão, Hassan Rouhani, e o país foi representado por uma figura de segunda linha.

O Presidente do Sudão também não compareceu por temer não poder voltar ao seu país uma vez que o Tribunal Penal Internacional emitiu um mandato de captura contra ele e quer julgá-lo por crimes contra a humanidade. Omar al-Bashir também não quis expôr-se, uma vez que havia um risco grande de ser ostracizado pelos líderes mundiais.

Finalmente, o primeiro-ministro checo, Jiri Rusnok, que tinha sido apanhado por um microfone indevidamente ligado a dizer que ir a Joanesburgo era um contratempo na sua vida - tinha uma agenda muito sobrecarregada -, optou por não passar uma vergonha e não apareceu. A República Checa (cujo Presidente está doente) enviou o ministro dos Negócios Estrangeiros.

Por questões de segurança, o governo da África do Sul pediu a todos os chefes de estado que viajaram até Joanesburgo para partirem no próprio dia.
 

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