Adeus, Putin

A estátua de Lenine derrubada pelos manifestantes pró-União Europeia em Kiev era relativamente pequena e discreta e sobreviveu ao fim da URSS como um vestígio anacrónico, mas inócuo.

A sua destruição é no entanto um sinal da intensificação da tensão na Ucrânia, que está a um passo de se tornar incontrolável. Na verdade, trata-se de uma corrida contra o tempo.

Depois de ter rejeitado o acordo com a União Europeia (UE), devido à pressão russa, o Presidente Ianukovich reuniu-se, na sexta-feira, em Sotchi, com o Presidente russo, Vladimir Putin. Em cima da mesa está dinheiro fresco russo de que a Ucrânia precisa como pão para a boca e as contrapartidas exigidas por Moscovo: a integração da Ucrânia na União Euroasiática e um peso muito maior da Rússia na economia ucraniana.

Quando acolher os Jogos Olímpicos de Inverno, em Janeiro de 2014, Sotchi não contará com a presença do Presidente alemão, Joachim Gauck, em sinal de protesto contra as violações aos direitos humanos na Rússia. Os dados, portanto, estão lançados.

A Alemanha assumiu a liderança da batalha pela Ucrânia – vai apoiá-la e abandonou a política de boa vizinhança que vinha procurando manter com Putin num passado recente. E isso faz toda a diferença.

Os ucranianos sabem que vão contar com o apoio activo da UE num combate que é central para o futuro da Europa. Por uma razão simples: uma Ucrânia democrática e europeia é o melhor caminho para contaminar a Rússia e a fazer regressar, um dia, a um caminho que abandonou com a eleição de Vladimir Putin, em 2000.

Um posicionamento europeu firme é decisivo, uma vez que Moscovo age na convicção de que a Europa está enfraquecida e que por isso chegou a hora de decidir a questão ucraniana a seu favor. E está longe de ter dito a sua última palavra. É todo o desenho do espaço da antiga União Soviética que está a ser reconfigurado nas ruas de Kiev. E o que está em jogo é um combate entre a democracia e o autoritarismo. Chegou a hora de a Ucrânia dizer adeus a Vladimir Putin.
 

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