No Algarve, 42% dos jovens estão a afastar-se da Dieta Mediterrânica

Estudo mostra que a maioria ainda mantém um tipo de alimentação com base nos produtos que caracterizam esta dieta

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rui gaudêncio

A maioria dos jovens algarvios (52,5%) entre os 11 e os 16 anos tem uma alimentação que está de acordo com o padrão da dieta mediterrânica. Por outro lado, que há uma percentagem já relativamente elevada (42%) que dá sinais de já se ter começado a afastar desse padrão. No caso deste último grupo isto deve-se sobretudo ao maior consumo de carne, ao consumo elevado de gorduras saturadas e baixo de produtos hortícolas, leguminosas e frutos secos.

As conclusões são de um inquérito feito entre Janeiro e Maio de 2012 para o trabalho de doutoramento de Maria Palma Mateus, professora na Universidade do Algarve que se doutorou em Ciências do Consumo e Nutrição na Universidade do Porto. A investigadora ainda está a analisar os dados, pelo que as conclusões de que nos fala são apenas as iniciais, mas já permitem traçar um quadro do que se passa no Algarve – região que, através de Tavira, esteve à frente da candidatura portuguesa à inscrição da Dieta Mediterrânica como Património da Humanidade.

O índice utilizado foi o KIDMED, criado por investigadores espanhóis e que através de uma série de perguntas – por exemplo, quantas peças de fruta come por dia?, utiliza azeite em casa? come peixe quantas vezes por semana? – avalia os hábitos alimentares e que permitirá depois cruzar as conclusões deste estudo com as de outros, tanto nacionais como dos outros países da Dieta Mediterrânica.

“Concluí que a maioria destes jovens [foram entrevistados 276 estudantes que constituíam uma amostra representativa da população do Algarve] utiliza azeite em casa, come pelo menos uma peça de fruta por dia, come peixe duas a três vezes por semana, consome massa ou arroz quase todos os dias, assim como cereais ou produtos derivados dos cereais, sobretudo pão branco”, explica Maria Palma Mateus.

O estudo permite também verificar que “a adesão ao padrão alimentar mediterrânico é mais evidente nos meios urbanos do que nos rurais”, o que, segundo a investigadora, explica-se pelo “mais elevado nível de escolaridade dos pais dos jovens em meio urbano”.

Embora Maria Palma Mateus tenha cruzado também as respostas que recolheu com o peso dos jovens – encontrou nesta faixa etária 24,3% de jovens com excesso de peso e 5,1% de obesos, o que perfaz 29,4% com peso acima do aconselhável, “uma prevalência relativamente elevada” – sublinha que não pode, com base nestes dados, ser estabelecida uma relação entre o excesso de peso e a maior ou menor adesão aos padrões da dieta mediterrânica.
 
 
 
 
 
 

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