Eliminar barreiras comerciais pode ajudar Portugal a crescer, diz comissário

Karel De Gucht, comissário europeu do Comércio, diz que o país beneficiaria do “pacote Bali”.

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Karel De Gucht, comissário europeu do Comércio, espera conseguir acordo em Bali GEORGES GOBET/Afp

O comissário europeu do Comércio afirmou, nesta quarta-feira, à margem de uma reunião da Organização Mundial do Comércio, na Indonésia, que a economia e o emprego vão crescer em Portugal caso o “pacote Bali”, que pretende eliminar barreiras comerciais, seja aprovado.

Segundo Karel De Gucht, Portugal vai beneficiar da aprovação desta iniciativa devido à aposta nos países em desenvolvimento, que considera ser os “os mercados do futuro”.

Os ministros responsáveis pelas pastas do Comércio de 159 países estão reunidos em Bali nesta quarta-feira, pelo segundo dia, para tentar reactivar um antigo projecto de eliminação de barreiras comerciais, nomeadamente na agricultura.

O projecto já foi tentado nas reuniões de Cancun, em 2003, de Hong Kong, em 2005, e de Genebra, em 2009 e 2011, o que leva os representantes dos vários Estados a considerar esta como a “última oportunidade” de voltar a negociar acordos multilaterais, já que se têm multiplicado os acordos bilaterais ou regionais, como o da União Europeia.

Questionado pela Lusa sobre de que forma é que o “pacote de Bali” poderá combater o desemprego no curto prazo em Portugal, em vez de apenas criar mais postos de trabalho nos países em desenvolvimento, Karel De Gucht sublinhou que a aposta nos “mercados do futuro” irá ter vantagens nas “economias maduras”.

Os países em desenvolvimento “são os nossos mercados do futuro e, claro, quando nos desenvolvemos, temos de fazê-lo em conjunto. Não podemos esperar ter mais exportações para o mundo em desenvolvimento se este não se poder desenvolver”, defendeu.

O “pacote de Bali”, em discussão entre os 159 membros da OMC que se encontram reunidos na ilha de Bali até sexta-feira, “irá criar empregos em Portugal porque a economia mundial estará melhor”, com maior crescimento nos países em desenvolvimento, reforçou.

“A facilitação do comércio é muito importante para toda a gente, mas ainda mais para os países menos desenvolvidos e em desenvolvimento, porque ainda não têm as ferramentas para gerir adequadamente a transferência de bens”, disse.
Com essas ferramentas, as economias maduras irão “ganhar imenso tempo e tempo é dinheiro”, acrescentou Karel De Gucht.

Segundo o comissário europeu, “a União Europeia está também preparada para financiar e pôr em prática esses procedimentos”, logo “não há razão” para pensar que países desenvolvidos como Portugal irão perder com o acordo.
Na conferência de imprensa, o comissário europeu mostrou-se preocupado com a possível ausência de um acordo em Bali, frisando que os danos serão “consideráveis para a comunidade internacional”, para o sistema de comércio mundial e para a OMC enquanto instituição.

O acordo está dependente de um diferendo entre a Índia e os Estados Unidos, a propósito de subsídios aos produtos alimentares no país asiático, que ultrapassam o limite de 10% do valor total da produção imposto pela OMC.

As preocupações aumentaram hoje de manhã, depois de o ministro indiano do Comércio, Anand Sharma, ter dito que a Índia “não pode aceitar” as restrições sobre os subsídios agrícolas da forma como estão escritas no acordo.

Entretanto, ao discursar na sessão plenária, Karel De Gucht fez saber que houve um acordo entre os ministros para a flexibilização na regulamentação do comércio para os países em desenvolvimento.
 

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