Governo define nesta terça-feira preço final de venda dos CTT

Procura dos pequenos investidores tem superado largamente a procura.

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Actividade bancária funcionará nos mesmos balcões dos Correios MIGUEL MADEIRA

O Governo vai decidir nesta terça-feira qual o preço final das acções dos CTT a dispersar em bolsa. As barreiras inicialmente fixadas iam de um mínimo de 4,10 euros a um máximo de 5,52 euros, permitindo um encaixe médio de 500 milhões de euros. No entanto, fontes do mercado têm colocado o preço no intervalo de preço no patamar superior. Quarta-feira serão conhecidos os resultados definitivos da operação e, no dia seguinte, está prevista a estreia em bolsa.

O preço final da operação de dispersão em bolsa (21 milhões de acções) e da venda directa (84 milhões) será definido, por despacho, durante o dia. É que, além de a venda dirigida ao retalho e aos trabalhadores ter terminado segunda-feira, nesta terça-feira será dia de alocar os 75 milhões acções destinadas aos grandes investidores. Para que tal aconteça, será assinado o contrato de venda directa com bancos que estão a apoiar o Estado nesta operação (Caixa Bi, JP Morgan, BBVA e BESI) e que ficarão com a responsabilidade de as dispersar junto dos investidores qualificados, nacionais e internacionais.

Também nesta terça-feira ficará definido se os cerca de nove milhões de acções que o Governo decidiu, por motivos de estabilização de preço, colocar sob reserva na Parpública, a holding que gere participações do Estado em empresas e que controla os CTT, serão disponibilizadas aos grandes investidores. Caso o Governo decida manter este plano, caberá ao JP Morgan a função de acompanhar esta operação em concreto.

O preço médio de alienação das acções inicialmente definido pelo executivo estava fixado em 4,81 euros, o que significaria que a privatização da empresa poderia render cerca de 500 milhões de euros, já descontando as comissões a pagar aos bancos (num máximo de 4,9 milhões). Aquele valor também colocava a avaliação dos CTT, num cenário de 100% do capital, nos 721,5 milhões. No entanto, existe no mercado a expectativa de que a procura por parte dos investidores institucionais coloque o preço no intervalo superior (entre 4,81 e 5,52 euros), como noticiou a Bloomberg na semana passada.

Apesar de a oferta pública de venda junto do retalho e de trabalhadores ter terminado ontem, pelas 15h, não foram divulgados os resultados até ao fecho desta edição. Na sexta-feira passada, a procura por parte dos pequenos investidores subiu 9% face ao dia anterior, ultrapassando em mais de dez vezes a oferta. Há 15,75 milhões de acções destinadas a este grupo e foram dadas ordens de compra de 157,9 milhões até àquela data.

O resultado de sexta-feira poderá ter sido influenciado pelo facto de a Parpública ter anunciado que o Banco de Portugal autorizou a licença bancária pedida, em Agosto, pelos CTT e que permitirá à empresa prestar serviços como produtos de poupança e créditos ao consumo, por exemplo. No entanto, a criação do banco postal ainda está dependente de algumas condições, como uma decisão final dos corpos sociais da empresa, após a privatização.

Já do lado dos trabalhadores, aos quais foram destinadas 5,25 milhões de acções representativas de 5% da oferta e de 3,5% do capital dos correios, a procura tem ficado muito aquém das expectativas, apesar do desconto de 5% sobre o preço das acções. Desde que a operação foi lançada, as ordens de compra nunca atingiram a barreira dos dois milhões. A fatia que não for comprada pelos funcionários do grupo (sendo que a oferta também é extensível a antigos trabalhadores) será dispersa por pequenos investidores. De acordo com contas feitas pelo Jornal de Negócios, esta transferência poderá significar um encaixe adicional de um milhão de euros para o Estado, visto que, no retalho, não está previsto nenhum desconto.
 

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