Câmara reavalia centros comerciais que nunca saíram do papel em Alverca

Os quatro projectos aprovados no final da década passada para Alverca prometiam mais de 4000 postos de trabalho e investimentos superiores a 300 milhões de euros. Nenhum deles avançou.

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Instalações do antigo terminal de transportes internacionais da Tertir têm alguns armazéns ocupados Rui Gaudêncio

Fórum Alverca, Parque Ribatejo e Retail Park Alverca são três dos projectos de grandes complexos comerciais que a Câmara de Vila Franca de Xira aprovou nos últimos anos para a maior cidade do concelho. A conclusão dos processos de aprovação acabou, todavia, por coincidir com o agravamento da crise e nenhum deles avançou entretanto. Na mesma situação está um quarto complexo aprovado para os terrenos das antigas indústrias metalúrgicas Previdente, na entrada Norte de Alverca.

A CDU local defende que tudo isto deve ser repensado e que a Câmara deve iniciar uma nova revisão do Plano Director Municipal com o objectivo de canalizar mais terrenos para actividades industriais. O novo executivo camarário, de maioria PS, também admite que a situação destes quatro empreendimentos deverá ser reavaliada já no início de 2014.   

“A CDU não tem nada contra os centros comerciais, mas é importante perceber como é que se encontra a situação dos diferentes centros comerciais aprovados para a zona de Alverca”, diz o vereador comunista Nuno Libório, frisando que foram aprovados empreendimentos para os espaços da antiga Tertir (Fórum Alverca), da antiga Previdente, da antiga Néstle (Retail Park Alverca) e para o Casal das Areias, junto ao nó de acesso à Auto-estrada do Norte (Parque Ribatejo).

“São, por acaso, as últimas áreas de vocação económica que sobram na zona sul do concelho. Esses promotores assumiram com a câmara uma responsabilidade de investimento, foram aprovados planos de pormenor e operações de loteamento. Ou a câmara suscita a revogação desses compromissos ou exige que os mesmos sejam efectivados. Achamos que deve haver uma avaliação sobre cada um deles”, sublinhou o autarca, considerando que “a bem da economia e da criação de emprego, a câmara deve ponderar se este deve ser o caminho ou se não deveremos retomar o desenvolvimento industrial”.

Alberto Mesquita, presidente da câmara, reconhece que a situação tem que ser ponderada. “Há-de haver um momento, ainda este ano ou no início do próximo, em que tomaremos uma decisão final. Estavam previstos num quadro económico que já não existe neste momento e a retracção dos investidores é compreensível. Pensamos que, apesar de alguns sinais ténues de que a economia parece querer reanimar, o que é facto é que ainda estamos muito longe de haver condições para que operações urbanísticas com este volume possam acontecer a breve prazo”, admitiu na ultima reunião do executivo municipal.   

Nuno Libório acrescenta que será importante apurar, entretanto, em que fase de licenciamento se encontra cada um destes centros comerciais. “Poderá haver motivos para, automaticamente, alguns desses compromissos terem caducado. Sendo assim, a câmara tem que tomar medidas.” O quadro económico negativo é a principal razão apontada pelos promotores para a suspensão de projectos com estas características. Um porta-voz da MultiDevelopment, empresa que idealizou o Fórum Alverca para o extenso espaço do antigo Terminal de camiões de transportes internacionais (Tertir) de Alverca, disse ao PÚBLICO que há uma grande dificuldade em encontrar parceiros investidores que, nesta altura, apostem num novo empreendimento com estas características. Também a Sonae Sierra, através da sua assessoria de imprensa, confirmou que continua a ser proprietária dos terrenos da antiga Nestlé,  acrescentando que o projecto do Retail Park Alverca se encontra suspenso devido à situação do mercado e ao actual ciclo económico.

Projectos de milhões
Os quatro empreendimentos envolvem expectativas globais de investimento superiores a 300 milhões de euros. Só o Fórum Alverca, que contempla centro comercial, retail park e hipermercado, apontava para um investimento  de 134 milhões e euros. Promovido pelo grupo holandês Multi-Development, previa a 2500 postos de trabalho e a  abertura chegou a estar prevista para 2012.

Já o Retail Park Alverca, proposto pela Sonae Sierra em parceria com a Miller Developments, foi aprovado em 2008 e teve a inauguração prevista para o  início de 2010. Contemplava 16 lojas de grande dimensão num espaço de 2 hectares onde funcionou a sede nacional da Nestle.

O Parque Ribatejo, projecto da sucursal portuguesa do grupo francês Eiffage, previa cerca de 1000 empregos e um investimento de cerca de 50 milhões de euros. Foi aprovado pela câmara em 2010. Por fim, o complexo planeado para antiga Previdente teria 108 lojas e custaria 60 milhões de euros. Foi proposto pela Previdente e aprovado em 2011. Todos procuravam beneficiar das boas acessibilidades de Alverca, especialmente da proximidade do nó rodoviário com ligações à A1, à CREL e à Nacional 10.
 
 

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