“A única garantia que temos é a do despedimento colectivo de 620 trabalhadores”

O coordenador da comissão de trabalhadores (CT) dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC) António Costa diz que processo tem "falta de transparência".

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Paulo Ricca

Ao fim mais de duas horas de reunião com o ministro da Defesa Nacional Aguiar Branco nada mudou na situação dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo. A comissão de trabalhadores reúne-se esta sexta para deliberar novas formas de luta.

No final do encontro com Aguiar Branco, o coordenador da CT, António Costa, disse que a única garantia que tem do ministro é “a do despedimento colectivo de 620 trabalhadores” [609 sem contar com a administração] “Há um ano e meio, o senhor ministro pegou no documento do governo socialista e disse que ia colocar na gaveta o despedimento de 420 trabalhadores. Agora está a fazer melhor, está a despedir 620 de uma só vez”, lamenta António Costa.

Este responsável apelida a subconcessão dos terrenos e materiais dos estaleiros de Viana do Castelo à Martifer de “criminosa e inadmissível”. O dirigente apela ao primeiro-ministro, Passos Coelho, e ao Presidente da República, Cavaco Silva, para pararem o processo que considera ter “falta de transparência”.

Questionado se a comissão de trabalhadores tem garantias sobre a criação de 400 postos de trabalho avançada pela Martifer na quarta-feira, o dirigente remeteu explicações para Aguiar Branco. António Costa também não quis avançar pormenores sobre as indemnizações, que se estimam em 30 milhões de euros e disse que não tinham vindo pedir indemnizações, mas sim trabalho. Para o coordenador da CT, o ministro “não está convicto (…) na continuidade da construção naval em Viana do Castelo”.

Segundo o dirigente, “todas as hipóteses” estão em cima da mesa no encontro desta sexta-feira, mesmo a de avançar com um “processo judicial”. Actualmente, há 226 trabalhadores dos ENVC em idade de reforma, sendo que os que estão entre os 55 e 56 anos serão penalizados.

Citado pela Lusa, o líder da UGT, Carlos Silva afirmou que este é um “mau negócio” para os trabalhadores e deixa “péssima imagem do Governo”. O PCP entregou hoje na Comissão da Defesa do Parlamento um pedido de audição urgente da administração dos ENVC e do ministro da defesa sobre os despedimentos.

Quanto ao PS, o seu líder parlamentar afirmou, que será decidido “em tempo oportuno” sobre a eventual formação de uma comissão de inquérito sobre os ENVC, como o autarca local solicitou. Já o PSD, de acordo com a Lusa, considerou que a solução encontrada para o Governo para os ENVC é "a melhor possível" face ao "circunstancialismo trágico" em que a unidade se encontra "há bastante tempo".

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