O Benfica está, na noite desta quarta-feira, obrigado a ganhar, na visita ao terreno do Anderlecht (19h45, SP-TV1), para manter vivas as esperanças de continuar na Liga dos Campeões. Mas só isso não chega: a equipa de Jorge Jesus também terá de torcer pelo Paris Saint-Germain, que recebe o Olympiacos — a formação grega tem três pontos de vantagem sobre os “encarnados” e é a adversária directa na luta pela passagem aos oitavos-de-final da Champions. Ontem, o técnico admitiu que há “muita coisa em jogo” e disse que a equipa só pensa em vencer.

De regresso ao banco de suplentes, após ter começado a cumprir, frente ao Sporting de Braga, a suspensão de 30 dias a que foi condenado nos jogos das competições nacionais, Jorge Jesus vai tentar ser o primeiro treinador a levar o Benfica a uma vitória no terreno do Anderlecht. Nas três visitas anteriores, o melhor que os “encarnados” conseguiram foi um empate (1-1, em 1994, na fase de grupos da Liga dos Campeões). Alargando a análise a todos os adversários belgas, a mais recente deslocação remonta a Dezembro de 2004, e até foi bem-sucedida: a formação então orientada por Giovanni Trapattoni bateu o Beveren por 0-3, na fase de grupos da Taça UEFA, após ter sido afastada, precisamente pelo Anderlecht, na terceira pré-eliminatória de acesso à Liga dos Campeões.

“Em caso de vitória, ainda podemos acreditar que temos possibilidades de passar a fase de grupos. E, vencendo, praticamente garantimos a presença na Liga Europa. O jogo não tem só um objectivo, tem vários, e um deles é esse”, salientou Jorge Jesus na conferência de imprensa de antecipação do jogo. No entanto, o treinador preferiu relativizar a importância do encontro desta noite, frisando que, na Liga dos Campeões, “[os jogos] são todos importantes”.

“Temos de fazer o nosso trabalho. Primeiro, temos de pensar no nosso jogo de amanhã [hoje], não interessa pensar nos outros se não fizeres o que te compete fazer”, resumiu Jesus, reconhecendo, porém, que seria “muito melhor” se o Paris Saint-Germain vencesse o Olympiacos, no outro jogo do Grupo C. Os “encarnados” têm estado abaixo das expectativas, contando apenas uma vitória nos quatro jogos disputados até ao momento na Champions — precisamente na primeira jornada, em casa, frente ao Anderlecht.

Números desmentem Jesus
Quanto ao adversário, Jesus sublinhou que o Anderlecht é “uma equipa forte no seu estádio”. Mas os números não dão razão ao técnico “encarnado”: a equipa belga ainda não ganhou na Liga dos Campeões 2013-14 e, nos dois jogos disputados em casa, sofreu oito golos, não tendo marcado nenhum — perdeu 0-3 com o Olympiacos e 0-5 com o Paris Saint-Germain. Na Liga belga, o panorama é ligeiramente melhor, com cinco vitórias em oito jogos na condição de visitado.

Já no Anderlecht, o empate no terreno do PSG na anterior ronda da Champions é mais inspirador que o desaire na Liga na última jornada. “Queremos chegar ao terceiro lugar e o Benfica precisa de ganhar para continuar vivo na Champions. As duas equipas querem vencer. Sábado foi um dia-não [com a derrota frente ao Charleroi], mas já digerimos isso e queremos reagir amanhã [hoje]”, prometeu o treinador do Anderlecht, John van den Brom, reconhecendo, no entanto, que o Benfica “tem vindo a melhorar”.

No outro jogo do Grupo C, o Paris Saint-Germain recebe o Olympiacos e o resultado interessa ao Benfica. Os parisienses lideram a classificação com três pontos de vantagem sobre os gregos e, caso vençam, dão uma “ajuda” às esperanças que os “encarnados” alimentam de continuar na Champions.

Laurent Blanc, treinador do PSG, pediu maior concentração defensiva à sua equipa: “Temos de deixar de sofrer tantos golos. Marcamos sempre alguns — bem, quase sempre — mas temos de ser mais sólidos na defesa”. “Sabemos o que temos de fazer. Estamos numa boa sequência, mas ainda não conseguimos a qualificação. Já o tinha dito antes do jogo com o Anderlecht e houve quem gozasse comigo, disseram que estou sempre nervoso. Mas o resultado (1-1) infelizmente provou que eu tinha razão”, lamentou o técnico francês.