Conferência de paz sobre a Síria marcada para 22 de Janeiro

A data foi avançada pelo secretário-geral da ONU. Será a primeira vez que representantes do Governo de Assad e da oposição se sentam à mesa de negociações.

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A Coligação Nacional Síria anunciou no dia 11 de Novembro que aceita participar nas conversações de paz AHMAD ABOUD/AFP
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Delegados da Rússia e dos EUA reuniram-se nesta segunda-feira na ONU, em Genebra JEAN-MARCH FERRE/AFP

O secretário-geral das Nações Unidas anunciou nesta segunda-feira que a conferência de paz para a Síria vai arrancar no próximo dia 22 de Janeiro, em Genebra, pondo fim a meses de avanços e recuos sobre o início das negociações.

"O secretário-geral tem o prazer de anunciar a convocação da conferência de Genebra sobre a Síria para quarta-feira, 22 de Janeiro, levando desta forma o Governo sírio e a oposição para a mesa de negociações pela primeira vez desde o início do conflito na Síria", lê-se num comunicado publicado nesta segunda-feira no site do secretário-geral das Nações Unidas.

No texto, Ban Ki-moon agradece "aos governos da Federação Russa e dos Estados Unidos, bem como a outros Estados-membros e ao enviado especial Brahimi, pelos seus esforços", que levaram finalmente à marcação de uma data para a conferência de paz.

O comunicado não esclarece se o Irão irá sentar-se à mesa de negociações – um dos pontos que mais têm afastado Washington de Moscovo. Os EUA têm defendido que Teerão não deve estar presente, mas não é claro se o acordo alcançado no fim-de-semana sobre o programa nuclear iraniano poderá mudar alguma coisa.

Apesar de não haver qualquer referência directa ao Irão, Ban Ki-moon diz esperar que "todos os parceiros regionais e internacionais mostrem o seu apoio significativo a negociações construtivas".

Acima de tudo, declara o secretário-geral da ONU, a reunião em Genebra será "uma missão de esperança", um "veículo para uma transição pacífica que preencha as legítimas aspirações de todo o povo sírio à liberdade e à dignidade".

Ban Ki-moon salienta que o encontro de Janeiro na cidade suíça – conhecido como Genebra 2, depois da reunião de Junho de 2012 na mesma cidade, que não contou com a participação das partes envolvidas na guerra – terá como objectivo "o estabelecimento, com base num acordo mútuo, de um órgão governativo de transição com poderes executivos completos, incluindo o poder sobre as entidades militares e de segurança" – em suma, a base do comunicado saído de Genebra 1.

A Coligação Nacional Síria (CNS), que agrega a oposição ao Governo de Bashar al-Assad reconhecida pela maioria dos países ocidentais, anunciou no dia 11 de Novembro que aceita participar nas conversações de paz, "com base na transferência de poder para um órgão governativo de transição". O Departamento de Estado norte-americano descreveu a decisão da CNS – que até então sempre negara enviar uma delegação a Genebra – como "um passo significativo no processo da realização da conferência de Genebra".

A marcação de uma data oficial pelo secretário-geral da ONU para o arranque das negociações de paz indica que parte do trabalho para garantir a presença de ambas as partes já estará feito. No texto, Ban Ki-moon adverte que os representantes sírios devem viajar para Bruxelas "com um entendimento claro" e com "uma intenção séria" de "acabar com uma guerra que já matou mais de 100.000 pessoas, forçou quase nove milhões a fugir de casa, deixou um número incontável de desaparecidos e detidos, espalhou ondas de choque pela região e atirou uma carga inaceitável para cima dos vizinhos da Síria".

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