Boa afluência às urnas nas primeiras horas das autárquicas em Moçambique

Presidente Armando Guebuza disse que a Frelimo “não vota para perder”. Sobre o que é preciso para desbloquear o diálogo com a Renamo respondeu aos jornalistas: “Vejam se convencem o senhor Dhlakama”.

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Armando Guebuza a votar em Maputo Nelson Garrido
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Muitos eleitores estão a afluir às assembleias voto, nas primeiras horas das quartas eleições autárquicas de Moçambique, que decorrem nesta quarta-feira. No centro de Maputo, em diversos locais, formaram-se longas filas logo na abertura das urnas, às 7h (5h em Portugal Continental).

A cidade está com um trânsito muito inferior ao normal para um dia de semana, facto a que não é alheia a tolerância de ponto dada pelo Governo – decisão foi seguida por diversas empresas. Muitas lojas estão também encerradas.

No conjunto do país, segundo o presidente da Comissão Nacional de Eleições, Abdul Carimo Sau, a votação “teve início de forma muito serena e tranquila. Não há razões até agora que nos deixem preocupados”, disse ao PÚBLICO.

Em Maputo foi possível constatar uma significativa concentração de eleitores logo às primeiras horas do dia, com longas filas em várias assembleias de voto da zona central – na Escola Josina Machel, no Instituto Industrial e na Escola Primária do 1º e 2º graus 16 de Junho. “Há uma afluência muito grande, como é comum nas primeiras horas”, confirmou o presidente da comissão eleitoral.

As eleições são boicotadas pela Renamo (Resistência Nacional Moçambicana, principal partido da oposição e antigo movimento guerrilheiro), que contesta a composição dos órgãos eleitorais, maioritariamente compostos por elementos da Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique, no poder desde a independência, em 1975). Decorrem num momento de tensão político-militar que ameaça fazer regressar o país à guerra que viveu durante 16 anos, até 1992.

“Convençam o senhor Dhlakama”
O Presidente da República, Armando Guebuza, foi o primeiro a votar na assembleia número 1 da Josina Machel. Numa curta declaração, apelou à participação dos eleitores. “É um direito que nos cabe e temos de o exercer da melhor forma. Espero que todos os moçambicanos votem.” Mais à frente, nas respostas aos jornalistas, questionado sobre a eventualidade de perdas eleitorais do seu partido, disse que “a Frelimo não vota para perder”.

Guebuza respondeu também que “obviamente” está assegurada “a segurança dos cidadãos e de todo o processo” e considerou que há “algum exagero” quando se fala de insegurança na zona centro do país, porque os ataques armados que ali têm ocorrido são “em zonas muito bem identificadas e localizadas”.

Sobre o boicote eleitoral da Renamo, o Presidente disse que “só ela pode responder”. Questionado sobre o que é preciso para desbloquear a falta de diálogo entre o Governo e o principal partido da oposição respondeu: “Vejam se convencem o senhor Dhlakama”

Armando Guebuza é um dos mais de três milhões de eleitores registados nas 53 autarquias do país. Nas últimas semanas sucederam-se ataques atribuídos à Renamo, no centro do país. A 21 de Outubro, forças militares moçambicanas ocuparam a base do antigo movimento rebelde em Satungira, província de Sofala, onde no último ano viveu o seu líder, Afonso Dhlakama, que está desde então em lugar desconhecido.

O porta-voz da Renamo, Fernando Mazanga, disse na segunda-feira ao PÚBLICO que os antigos guerrilheiros não vão andar aos tiros durante as eleições autárquicas desta quarta-feira, mas anunciou que o partido não reconhecerá legitimidade aos eleitos.

A importância das eleições transcende o âmbito local. Os resultados podem influenciar o diálogo pela paz e trazer novidades ao panorama político do país africano. A Frelimo só não preside a dois municípios – Beira, província de Sofala, e Quelimane, província da Zambézia. Essas autarquias são governadas pelo MDM (Movimento Democrático de Moçambique), terceira força no Parlamento, única que concorre contra o partido governamental em todas as autarquias e aspira a reforçar a sua influência autárquica.

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