PS diz que OCDE retira credibilidade às previsões de crescimento do Governo

PCP defende que as previsões da OCDE desmentem as do Governo e deixam "bem claro" que as políticas de austeridade não estão a resolver nem o problema do défice nem da dívida.

O PS considerou esta terça-feira que as previsões divulgadas pela OCDE confirmam que a contracção do consumo em 2014 afectará inevitavelmente a economia, estando Governo e a troika isolados na estimativa de um crescimento de 0,8%.

A posição dos socialistas foi transmitida pelo vice-presidente da bancada António Gameiro, depois de a OCDE ter avançado com a previsão de que a economia portuguesa recuará 1,7% este ano e regressará ao crescimento em 2014.

Porém, a OCDE aponta para um crescimento de apenas 0,4%, metade do previsto pelo Governo e pela troika (Banco Central Europeu, Fundo Monetário Internacional e Comissão Europeia).

"O PS encara com grande preocupação o relatório da OCDE, assim como a nota divulgada pelo banco Montepio Geral. A OCDE prevê uma contracção da economia este ano e o PS sempre alertou para esse aspecto", sustentou o dirigente socialista.

Segundo António Gameiro, tanto o Orçamento para 2013, como o Orçamento para 2014, geram "uma contracção do consumo privado, porque se está a retirar capacidade económica às famílias".

Nessas circunstâncias, adiantou o deputado socialista, "as famílias terão de ter menos posses, consumirão menos, sentindo-se mais pobres e menos confiantes".

"Não percebemos como pode o Governo prever para o ano um crescimento de 0,8 %, quando sabemos que todas as projecções internacionais dão um máximo de 0,4% (o da OCDE). Só este Governo e a troika conseguem ver um crescimento de 0,8% para o próximo ano", acrescentou o vice-presidente do grupo parlamentar do PS.

Já o PCP defendeu que as previsões da OCDE desmentem as do Governo, "para pior", e deixam "bem claro" que as políticas de austeridade não estão a resolver nem o problema do défice nem da dívida.

"Estes números deixam bem claro que estas políticas não estão a resolver o défice, que a OCDE diz que se fixará nos 4,6%, acima da meta que o Governo pretendia cumprir e que usa como pretexto para impor aos portugueses. Nem a dívida sequer está contida", defendeu o deputado Miguel Tiago.

"Ao contrário do que o Governo dizia, que se previa um pico da dívida para 2014, a OCDE diz que, não só a dívida pública em 2014 será maior do que aquela que o Governo tinha previsto, como continuará a crescer em 2015", frisou o deputado comunista, no Parlamento.

Miguel Tiago sublinhou que a organização vem "desmentir as previsões do Governo, para pior", e alertar para a contracção do consumo interno. "Os portugueses terão menos poder de compra e terão menos capacidade de consumir e isso terá, evidentemente, efeitos no crescimento económico. A OCDE comprova isso, ao contrário do Governo, que dizia que apesar da austeridade era expectável que os portugueses consumissem mais em 2014", disse.

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