IBM abre supercomputador ao resto do mundo

O Watson ganhou em 2011 um concurso televisivo de cultura geral. Agora, pode ser utilizado para aplicações e serviços.

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O computador começou como um projecto da IBM em 2006 Mark Lennihan/AP

A IBM decidiu transformar o supercomputador Watson, que se celebrizou por ter ganho um concurso televisivo, num sistema que pode ser utilizado através da Internet para desenvolver aplicações e serviços.

O Watson é um computador com inteligência artificial, que é capaz de interpretar a linguagem natural dos humanos. Ganhou fama quando venceu o concurso Jeopardy!, nos EUA, em 2011. Trata-se de um concurso de cultura geral, em que os jogadores têm não apenas de ter conhecimentos, mas ser rápidos a assinalar que querem dar a resposta. Numa sessão especial do programa, o computador levou a melhor sobre dois antigos vencedores do concurso – e ambos tinham tido sucesso suficiente numa série de edições anteriores para ficarem milionários graças às respostas certas.

Agora, empresas, académicos e demais interessados poderão aceder à capacidade computacional do Watson, que passa assim a funcionar como uma plataforma. Para isto, é preciso apresentar à empresa uma proposta de utilização e esperar que esta seja aceite. A IBM não divulgou eventuais preços envolvidos.

Entre os serviços que já estão a ser desenvolvidos com o poder computacional do Watson estão um assistente pessoal de compras. Esta aplicação analisa os hábitos dos utilizadores, o historial de compras e todo o tipo de informação (como as características do produto e as críticas na imprensa especializada) para oferecer sugestões, sob a forma de diálogo. Por exemplo, o potencial comprador poderá perguntar: “Quero um carro que sirva para toda a família. O que devo comprar?”.

Uma outra empresa desenvolveu um serviço para ajudar os hospitais e instituições de saúde dos EUA a tomar decisões sobre o material que compram. Já no mês passado, a IBM fez uma parceria com uma universidade para que fazer com que o Watson aprenda medicina e possa vir a ajudar médicos.

O computador começou a ser desenvolvido em 2006, por uma equipa de investigação da IBM, uma empresa que tem uma tradição de criar supercomputadores para defrontar o intelecto humano, como aconteceu com Deep Blue, que derrotou – embora apenas à segunda tentativa – o icónico xadrezista Garry Kasparov, numa partida de seis jogos, em 1997.

No Jeopardy!, um dos desafios para a máquina era interpretar as pistas que conduzem à resposta certa. Por outro lado, o computador tinha de encontrar a resposta entre o manancial de informação que tinha armazenada, entre a qual todo o conteúdo da Wikipedia.

Para um humano, é fácil perceber que o significado de uma frase e identificar a informação relevante para uma determinada questão, mas o mesmo não acontece com os computadores. Tipicamente, os computadores são usados através de comandos próprios, mas têm vindo a ser desenvolvidos programas cada vez mais eficazes a interpretar a linguagem natural – por exemplo, os motores de busca esforçam-se por perceber aquilo que os utilizadores lhes estão a “perguntar” quando fazem uma pesquisa.

O sistema que a IBM está agora a disponibilizar é diferente daquele que foi levado ao concurso. Na altura, a empresa construiu uma máquina com um 2900 núcleos de processamento e 15 terabytes de memória RAM. Um computador portátil pode hoje ter 8GB de RAM – ou seja, cerca de 3800 vezes menos do que aquela versão do Watson. Porém, agora, os computadores Watson têm configurações mais modestas, com processadores entre 16 e 32 núcleos e 256GB de RAM A IBM pode pôr várias destas máquinas a trabalhar em simultâneo para aumentar a capacidade do sistema.

“O Jeopardy! foi seleccionado como o teste último das capacidades da máquina, porque se baseava em muitas capacidades cognitivas humanas que tradicionalmente estão para lá da capacidade dos computadores”, descreve a IBM, no site dedicado ao Watson. Estas capacidades incluem perceber significados ambíguos, ironia e rimas, responder de forma extremamente rápida e fazer “ligações lógicas subtis e complexas”. Num humano, descreve a empresa, “estas capacidades vêm com uma vida de participação em interacções humanas e em decisões, a par de uma imersão na cultura popular”.

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