Ministro Poiares Maduro cancela a sua leitura de textos de César Monteiro

Poiares Maduro não irá estar presente no tributo do Lisbon & Estoril Film Festival. Uma carta aberta subscrita por realizadores como Pedro Costa, Margarida Gil e Manoel de Oliveira critica nesta sexta-feira a iniciativa.

Foto
Poiares Maduro já não vai fazer uma leitura de um texto de João César Monteiro ENRIC VIVES-RUBIO

O ministro do Desenvolvimento Regional, Miguel Poiares Maduro, não irá estar presente na leitura de textos do realizador João César Monteiro num tributo agendado para sábado no âmbito do Lisbon & Estoril Film Festival. Uma carta aberta subscrita por realizadores como Pedro Costa, Margarida Gil e Manoel de Oliveira e por escritores e artistas como Herberto Helder ou Rui Chafes critica nesta sexta-feira a iniciativa.

Fonte do gabinete de Poiares Maduro disse ao PÚBLICO que o convite feito pelo produtor Paulo Branco, organizador do evento intitulado Leitores Improváveis e agendado para amanhã no Museu de História Natural, em Lisboa, foi aceite "a título pessoal" pelo governante, que terá deixado "claro que havendo algum constrangimento ou situação que causasse ruído pela sua presença, por não querer dar à leitura uma dimensão política", repensaria a sua presença.

Assim, diz a mesma fonte, Poiares Maduro "não vai à leitura porque não quer que o foco [do evento de homenagem] se desvie" para uma dimensão política.

A deputada socialista Isabel Moreira, também convidada para participar no evento, confirmou esta manhã ao PÚBLICO que estará presente para ler textos do realizador. Além de Isabel Moreira, estão previstas as presenças da actriz Alexandra Lencastre, a psicóloga Joana Amaral Dias, o arquitecto Manuel Graça Dias ou o escritor e cantor lírico Jorge Vaz de Carvalho.

Um conjunto de personalidades ligadas às artes assina nesta sexta-feira uma carta aberta no PÚBLICO em que critica o “abuso puro e duro” que é “branquear, neutralizar, festivalar o furor interventivo, manifestamente Anti-Sistema, do cineasta, assim posto à mercê de tais canibais homenageantes”. Margarida Gil, uma das signatárias do texto, descreveu esta manhã a carta como “um manifesto de indignação pela falta de escrúpulos”, acrescentando que João César Monteiro “nunca permitiria uma coisa destas".

Paulo Branco, contactado esta manhã pelo PÚBLICO, não quis prestar declarações.

 
 
 
 
 

Sugerir correcção
Comentar