Icebergue gigante da Antárctida pode ameaçar rotas marítimas

Bloco de gelo do tamanho de Singapura poderá perturbar a navegação no oceano Antártico e no Atlântico Sul.

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Imagem recolhida pelo satélite da NASA em 2011 mostra já uma fenda no glaciar NASA
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Imagem recolhida em Julho de 2013 mostra que o icebergue se desprendeu do glaciar DR

Um enorme bloco de gelo do tamanho de Singapura começou a desprender-se do glaciar de Pine Island, na Antárctida ocidental, em Julho. Agora, com a chegada da Primavera ao pólo Sul, o icebergue está a soltar-se e pode perturbar rotas de navegação internacionais.

Durante o Inverno (Verão em Portugal), o bloco de gelo com 700 quilómetros quadrados continuou preso ao gelo que o rodeava. Porém, imagens aéreas recentes estão a preocupar os investigadores. “Nos últimos dias, o icebergue começou a fugir e agora há um quilómetro ou dois de água entre ele e o glaciar”, disse à BBC Grant Bigg, da universidade britânica de Sheffield.

Bigg coordena uma equipa de cientistas do Reino Unido que, graças a um fundo de emergência, vai monitorizar e controlar o percurso do icebergue durante seis meses, prevendo a rota que este pode tomar no oceano. “Normalmente é preciso algum tempo até que os icebergues desta zona deixem a baía de Pine Island, mas quando saem podem ir em direcção a leste, ao longo da costa, ou podem circular para a parte principal do Oceano Antárctico”, disse o investigador.

Segundo Grant Bigg, um bloco de gelo foi identificado na Passagem de Drake, entre o Cabo Horn, na América do Sul, e as Ilhas Shetland do Sul, na Antárctida. Se o icebergue que agora ameaça soltar-se seguir a mesma trajectória, pode perturbar as movimentadas rotas marítimas internacionais nas águas do Oceano Antártico e no Atlântico Sul.

A fenda no glaciar de Pine Island foi inicialmente detectada por um satélite da NASA, em Outubro de 2011. Desde então tem vindo a aumentar. A equipa de cientistas das universidades de Sheffield e Southampton, no Reino Unido, vão usar dados de vários satélites para avaliar a evolução do problema. “Parte do projecto é tentar simular o que o icebergue pode fazer, tendo em conta os ventos que têm assolado a região recentemente”, explica Bigg.

Caso concluam que o bloco de gelo está a movimentar-se em direcção às rotas de navegação, será emitido um alerta internacional.

O glaciar de Pine Island é o maior da Antárctida e o que circula mais rapidamente (quatro quilómetros por ano, em direcção ao Mar de Amundsen), do qual se desprendem grandes icebergues a cada seis ou dez anos. Os últimos soltaram-se em 2001 e 2007. Os cientistas consideram que este é um processo natural e que não deve ser relacionado directamente com as alterações climáticas.

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