Passos desvaloriza declarações de Machete e diz que "não há números mágicos"

Chefe do Governo diz que não está em cima da mesa a sua confiança no ministro Rui Machete.

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Daniel Rocha

O primeiro-ministro afirmou esta terça-feira que "não há números mágicos" para Portugal regressar aos mercados e que a confiança no ministro dos Negócios Estrangeiros não está em causa, sublinhando "a inversão de tendência" económica e o aumento de confiança.

O chefe do Governo português falava aos jornalistas na embaixada portuguesa em Paris, antes de participar esta tarde na segunda conferência europeia sobre o emprego jovem.

Questionado pelos jornalistas sobre se mantém a confiança em Rui Machete, Pedro Passos Coelho respondeu: "Essa questão não está em cima da mesa".

Mais à frente, questionado novamente sobre os 4,5% de taxa de juro referidos por Machete como condição essencial para Portugal evitar um segundo resgate, Pedro Passos Coelho desvalorizou. "Terá ocasião de perguntar ao senhor ministro, isso não tem, para mim, nenhuma relevância maior", disse.

Já sobre as taxas de juro para o regresso de Portugal aos mercados, o primeiro-ministro considerou que "não há números mágicos nessa matéria".

"Estamos a fazer um caminho que é importante, desde Janeiro de 2012, onde atingimos um pico em matéria de taxas nos diversos prazos que tem vindo a declinar desde então. Felizmente, esse processo foi retomado. Foi um pouco perturbado durante o Verão, mas foi agora retomado. A tendência, portanto, tem sido, em todos os prazos, para que as taxas de juro venham a baixar para níveis que possam ser considerados sustentáveis para futuro", declarou Passos.

Neste contexto, o primeiro-ministro defendeu ser muito importante "prosseguir com a execução do Orçamento do Estado" para 2014, até porque, considerou, "há alguma indefinição quanto à [sua] exequibilidade" e isso pode "alimentar alguma incerteza que não ajuda a uma descida mais pronunciada das taxas".

"Há uma confiança grande quanto à nossa capacidade de cumprir, é isso que eu hoje quero aqui sublinhar, porque o mais importante é insistir na necessidade de podermos manter este rumo de exigência orçamental, sem o qual não conseguiremos mostrar capacidade para reduzir a dívida e também [combater] a incerteza quanto à nossa capacidade de crescer no futuro", disse o primeiro-ministro.

"Não queremos que haja da política portuguesa qualquer percepção de crise política e não há nenhuma razão para que essa percepção exista. Eu não vou insistir, não levem a mal, eu não vou insistir nessa matéria, quero apenas dizer que o senhor ministro dos Negócios Estrangeiros acentuou, no seu discurso, a confiança que o Governo tem quanto ao caminho traçado para obtermos taxas de juro mais favoráveis, e temo-las tido. Esse caminho está a ser prosseguido com confiança e há um momento que é muito positivo de inversão de tendência e de clima", afirmou.

As declarações de Passos Coelho voltaram a causar desconforto no PS. O dirigente socialista Miguel Laranjeiro sustentou que se o primeiro-ministro reitera a confiança política em Rui Machete, isso significa que está de acordo com a posição assumida pelo ministro dos Negócios Estrangeiros sobre os juros da dívida. 
 
 

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