Socialista Luís Amado diz que Guião da Reforma do Estado merece atenção

Antigo ministro diz que o país vai necessitar “mais cedo ou mais tarde” de um “amplo consenso”

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Amado lamentou "o desfecho do banco e de este ter morrido na praia" Daniel Rocha

O ex-ministro dos Negócios Estrangeiros socialista Luís Amado considerou hoje que o Guião da Reforma do Estado apresentado pelo Governo “reflecte com seriedade” alguns dos problemas do país e merece a atenção de todos os atores políticos.

“O Guião da Reforma do Estado é uma base de trabalho que o Governo propõe. Tinha-se comprometido a isso, provavelmente deveria tê-lo feito há um ano atrás, até se o tivesse feito há dois anos a situação estaria provavelmente melhor do que está”, referiu em declarações à Lusa e Antena 1 à margem da sessão inaugural do VI Congresso Internacional da África Lusófona - I Encontro da África Global, que decorre na universidade Lusófona, em Lisboa, até quinta-feira.

“Mas é uma base de trabalho, acho que nenhum actor se deve refugiar na necessidade de encarar os problemas do país e do meu ponto de vista o guião reflecte alguns desses problemas com seriedade”, considerou o ex-chefe da diplomacia e convidado para a conferência inaugural do congresso.

Numa referência à actual situação política interna, Luís Amado insistiu que o país vai necessitar “mais cedo ou mais tarde” de um “amplo consenso” que ajude a resolver os problemas do país.

“Se o tivesse feito há quatro ou cinco anos atrás não estávamos como estamos. Se o tivéssemos feito há um ano atrás estávamos melhor do que estamos hoje. Mas provavelmente só o vamos fazer quando não tivermos mesmo outra alternativa”, sublinhou, mas evitando referir-se à posição do Partido Socialista (PS), em que milita, e que recusa discutir as propostas do Executivo sobre a reforma do Estado.

“Relativamente às grandes questões de regime, seja de economia, do sistema financeiro, das grandes áreas sociais, sou favorável a um amplo consenso para que as políticas não estejam a mudar frequentemente, que se gere perante o exterior estabilidade, convergência na ação política, de forma a garantir que o país possa ser credível e percebido pelos nossos credores como um país fiável. E isso pressupõe um entendimento mais amplo das forças democráticas”, defendeu.

Apesar de sublinhar que a sua posição não constituiu “necessariamente” uma crítica às posições da liderança do PS, Luís Amado considerou que uma nova abordagem pode depender com “condições que têm de ser criadas e que são responsabilidade de todos os atores, dos partidos, das principais figuras institucionais da sociedade portuguesa, que têm aliás feito alguma pressão nesse sentido”.

E concretizou: “Tanto quanto se percebe pelos estudos de opinião a grande maioria dos portugueses percebe hoje que o desentendimento entre os principais partidos relativamente às grandes questões de fundo que afectam o país os prejudica a todos, e nessa perspetiva há um caminho que está a ser feito e penso que vamos continuar a fazer essa caminho e haverá um momento em que as circunstâncias nos impelirão a um amplo consenso que possa ajudar a resolver os problemas do país”.

 

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