Patrões defendem que reforma do Estado tem de ser politicamente consensual

CIP tem expectativas elevadas para o guião que será apresentado por Paulo Portas. Economista Augusto Mateus defende um Estado mais simples, “mas não menor”.

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António Saraiva lembrou que a reforma do Estado não pode durar uma legislatura Miguel Manso

As expectativas dos empresários quanto ao guião da reforma do Estado, que será apresentado nesta quarta-feira por Paulo Portas, são elevadas. Mas qualquer que seja o resultado, deve reunir um amplo consenso político e social, defendeu nesta quarta-feira, António Saraiva, presidente da Confederação da Indústria Portuguesa (CIP).

“Depois de tantos anúncios e atrasos sucessivos sobre uma efectiva reforma do Estado, a expectativa é alta. Se há reforma de que o país carece é a reforma do Estado”, disse, à margem de uma conferência em Lisboa. António Saraiva frisou que o plano de acção “tem de ser politicamente consensualizado, porque não pode durar uma legislatura”. Ter o acordo dos parceiros sociais e das forças políticas da oposição é essencial, defendeu.

Questionado pelos jornalistas, Augusto Mateus, ex-ministro da economia, defendeu que a reforma do Estado “já devia estar feita”. O guião deve conter a visão de um Estado mais simples, “mas não menor”. O economista acredita que as funções do Estado devem ser actualizadas “drasticamente”.

“Em Portugal temos medo das soluções. Temos imensas dificuldades, mas quando percebemos que podíamos ter uma solução por determinado caminho, [temos dúvidas]”, disse, acrescentando que o “erro principal que tem sido cometido por não haver uma estratégia económica é o de cortar linearmente”. “Muitas actividades deviam ter sido aumentadas porque é fundamental que o Estado garanta uma economia dinâmica, que gere coesão social. Outras deviam desaparecer porque não fazem falta nenhuma”, disse.

Augusto Mateus lembrou que Portugal “passou um ano a negar a realidade” e acabou por avançar de forma precipitada. “Fizemos este programa de ajustamento tardiamente e precipitadamente. Foi uma emergência, não foi bem pensado. Foi preciso combater os desequilíbrios”, disse.

António Saraiva e Augusto Mateus participavam numa conferência sobre o atraso de pagamentos. Numa iniciativa conjunta da Associação Cristã dos Empresários e Gestores, a CIP e o Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e à Inovação (IAPMEI), foi assinado um compromisso para promover uma cultura de cumprimento dos prazos.

Luís Filipe Costa, presidente do IAPMEI, defendeu que uma reforma do Estado tem de incluir o cumprimento dos prazos no seu guião. “O Estado é o que mais tarde paga e o que mais longos prazos tem”, disse.

 

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