Chefe da secreta espanhola chamado ao Parlamento para explicar colaboração com NSA

General americano Keith Alexander frisou que houve sempre um trabalho de parceria.

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O general Keith Alexander durante a audiência no Congresso Reuters

O chefe dos serviços secretos espanhóis, Félix Sanz Roldán, vai ser ouvido nos próximos dias por uma comissão parlamentar sobre o caso da espionagem da Agência de Segurança Nacional (NSA) americana. A convocatória partiu do primeiro-ministro, Mariano Rajoy, que quer explicações perante a teia de afirmações e desmentidos quanto à espionagem feita a Espanha.

O jornal El Mundo, que teve acesso a documentos levados da NSA por um antigo analista informático da agência, Edward Snowden, revelou na semana passada que a NSA tinha monitorizado 60 milhões de ligações de telefones espanhóis num mês.

Na terça-feira à noite, o chefe da NSA, general Keith Alexander, foi interrogado por uma comissão do Congresso americano e disse que as comunicações não foram interceptadas pela NSA, mas pelos serviços secretos espanhóis que, depois, as partilharam com a agência americana.

Alexander disse que o mesmo aconteceu em França, ao comentar a notícia do Le Monde sobre a intercepção, pela NSA, de 70 milhões de ligações  [dos EUA]”. E o que se passou foi que os documentos Snowden foram mal interpretados por quem os analisou.

O chefe da NSA disse que os serviços secretos espanhol e francês também recolheram informação em países em conflito que partilharam com a Agência de Segurança Nacional.

Keith Alexander não desmentiu a espionagem da NSA a líderes europeus, por exemplo à chanceler alemã, Angela Merkel — foi a revelação deste caso que levou à maior crispação diplomática entre os EUA e um país aliado desde que a documentação Snowden começou a ser divulgada. A espionagem a chefes de Estado aliados, que as comissões da especialidade no Senado e no Congresso dizem que desconheciam, motivou a sessão de perguntas ao general.

As declarações de Alexander perante a comissão do Congresso foram consideradas um contra-ataque da NSA perante o protesto de tantos governos (outros países insurgiram-se contra a espionagem maciça: Brasil, México, Índia) e de tantas críticas internas. Mas à medida que ia depondo, os países foram reagindo.

O responsável pelos serviços secretos internacionais da Alemanha, Gerhard Schindler, desmentiu o general americano, mal este disse que a Alemanha espiava americanos a partir da sua embaixada em Washington. “Não há operações de vigilância de telecomunicações a partir da embaixada em Washington”, disse em delarações ao Die Zeit.

Em declarações ao Financial Times, Viviane Reading, comissária europeia da Justiça, disse que a espionagem americana prova que os EUA olham para a Europa como uma ameaça e não como um aliado. E exigiu que a Casa Branca dê aos europeus as mesmas garantias de respeito pela privacidade que deu aos americanos.

"Compreendo que o objectivo da presidência [americana] seja tranquilizar a opinião pública americana. Porém, os cidadãos europeus também ouviram essa mensagem e perceberam-na. E estamos preocupados, porque não somos vistos como parceiros mas como uma ameaça."


 
 
 
 
 

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