Elogio da política em noite de temporal

José Sócrates apresentou livro A Confiança do Mundo, Sobre a Tortura em Democracia

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Os aplausos, porque foram muitos, quando o trio – Mário Soares, Lula da Silva e José Sócrates -, entrou no primeiro andar do Museu da Electricidade, onde outrora estavam os condensadores, abafou o bater da muita chuva que nesta quarta-feira ao fim da tarde se abateu sobre a beira rio de Lisboa.

Na sessão do lançamento do livro A Confiança do Mundo, Sobre a Tortura em Democracia, a dissertação de mestrado que o antigo primeiro-ministro português defendeu no Institut D’Études Politiques de Paris, no jargão Science Pro, foi feito o elogio da política.

A cargo de Lula da Silva, ao qual Sócrates teve de responder e, Soares, com muito senso, passou a palavra.
“Acho a tortura abominável, não existe justificação”, disse o antigo Presidente brasileiro, autor do prefácio do livro.

Mas o seu tema era outro. Foi então, que Lula da Silva, sem a barba que o celebrou e mais magro, falou do Brasil. Das conquistas de dez anos. Não para se auto-justificar ou justificar a Presidente Dilma Rousseff. Mas para compreender as razões do protesto do Verão.

“O facto do povo estar na rua desafiava-nos para o debate, o povo queria discutir mais educação, mais saúde, os partidos devem ter a coragem de fazer o debate.

A assistência de europeus em austeridade vibrou com as palavras inesperadas.
O encantamento começara: “Quando a direita tem medo de perder o poder começa a dizer mal da política, temos de ter a coragem de dizer à juventude que em vez de largar a política deve entrar na política, para que o jovem venha a ser o político com que sonha.”

Lula compreendeu que estava perante famintos: “Debater o futuro é debater a democracia, o futuro da esquerda europeia”. Falou da especulação financeira, proclamou “o orgulho de dizer que somos socialistas” e sentenciou: “As crises são dádivas de Deus para que a gente faça a reflexão”.

Palavras ouvidas por um informal conselho de ministros socrárico: Pedro Silva Pereira, Jorge Coelho, Jorge Lacão, Alberto Costa, Pinto Ribeiro, Isabel Alçada, Maria João Rodrigues, Mário Lino, Nuno Severiano Teixeira e Miranda Calha. Lá estavam, também, Luís Padrão e Júlio Pereira, e Noronha do Nascimento e Pinto Monteiro.

Almeida Santos, Ferro Rodrigues, António Vitorino, Vital Moreira, Carlos César, Vera Jardim, Manuel Alegre, Edmundo Pedro e Carlos Zorrinho eram outros socialistas. Ao lado do advogado Proença de Carvalho e de Henrique Granadeiro.

Numa concessão ao tema que o trouxera, José Sócrates pegou nas observações de Lula. “O Brasil quer mais Educação, mais Saúde, quer mais Estado”, disse. A plateia reconheceu-se no paradoxo e aplaudiu.

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