Aguiar-Branco e sargentos discordam do alcance dos cortes na operacionalidade das Forças Armadas

Governo afirma que investimento de 1,1% do PIB está em linha com o aconselhado pela NATO.

O ministro da Defesa Nacional considerou que os gastos orçamentais do sector e as reformas em curso irão permitir ter “mais capacidade operacional”. A Associação Nacional de Sargentos (ANS) contesta.

José Pedro Aguiar-Branco disse esta quarta-feira em Bruxelas, onde participa na reunião ministerial da Aliança Atlântica, que o investimento previsto no Orçamento de Estado (OE) para a Defesa, de cerca de 1,1% do PIB, “está em linha aproximada com aquilo que a NATO aconselha para despesas nos territórios nacionais.”

Lembrando que o país vive “num quadro de exigências financeiras muito rigoroso, em que é preciso definir muito bem as prioridades, o titular da pasta da Defesa destacou que as missões das Forças Nacionais Destacadas não estão em causa.

A este propósito, o ministro reiterou que a retracção das tropas portuguesas no Afeganistão “será feita de forma gradual durante 2014” e que haverá já em Novembro uma redução na força de protecção ao aeroporto de Cabul.

As declarações de José Pedro Aguiar-Branco seguem-se a afirmações do general Luís Araújo, chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, segundo as quais o próximo OE não põe em causa a operacionalidade. “Estou muito tranquilo, ainda não tenho conhecimento do orçamento, ainda não foi aprovado, mas não estou nada preocupado”, afirmou o CEMGFA na terça-feira.

A ANS contesta este optimismo. “Há alguns dias, Hernández Jerónimo, comandante das Forças Terrestres, afirmou, em Leiria, que os cortes estavam a pôr em causa a operacionalidade e as missões internacionais”, declarou ao PÚBLICO Lima Coelho, presidente da Associação. “O que se sente nas unidades é o contrário da tranquilidade e da não afecção da operacionalidade”, acentuou.

“Nada funciona nas Forças Armadas sem o factor humano, que está a ser altamente penalizado”, disse Lima Coelho. A este propósito, o dirigente da ANS recordou uma reunião, na semana passada, com o director-geral de Pessoal e Recrutamento Militar, que nada adiantou sobre o novo estatuto dos militares das Forças Armadas, que fora anunciado pela secretária de Estado Berta Cabral na comissão parlamentar de Defesa Nacional.
 

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