A taluda e o Governo

Este Governo é o máximo.

Qual Leonardo da Vinci, inventa. Falece-lhe genialidade e criatividade.

Teima em registar a mesma marca. Inventou o pleno emprego coactivo. Se se toma um café, compra um jornal ou sabonete, exige -se factura com NIF do cafezito do lado, da miúda dos jornais, da rapariguinha do shopping. Se não, é-se acoimado (multado).

A medida teve um duplo êxito: trabalho para um universo de consumidores, o Ministério das Finanças empanzinado de impostos. Tal o êxito que o ministério pariu, com inspiração na lotaria, outra medida ainda mais eficaz: quem pedir facturas com NIF, é premiado por sorteio com dez milhões de euros!

Genial! Nunca visto! O ministério dos impostos tem licença de quiosque da Santa Casa da Misericórdia. Faz sorteios a prendar quem cumpre um dever! Ética! Dez milhões são tentadores e o rendimento anda pelas ruas da amargura. A Santa Casa paga o prémio. É de confiança.

O ministério de D. Maria Luís, não. O Governo age com reserva mental, é estroina mendigo e desleal, o que induz o incumprimento, indicia batota no sorteio, quebra as regras a meio do jogo

Corre-se sempre o risco calculado de não haver cabimento de verba para a taluda.

Fica-se mal visto pela senhora do café, miúda do quiosque e rapariguinha do shopping.

Quase certo que, numa alínea pequenina do regulamento do concurso, em rodapé de letrinha miudinha (como no multibanco e contratos de seguro), há uma excepção invisível: a troika não deve saber. 

É custoso e difícil tratar a matéria a sério. Nem o Governo sabe o que faz. Tal a indigência. Navega à vista, ao sabor dos ventos troikanos e outros.

Lá para trás, muito lá para trás, o Governo era sério. Pessoa de bem. É-o agora  com  bancos, swaps, parcerias, muitos outros interesses. Cumpre contratos, mesmo com prejuízos de milhões e mais milhões.

Com os funcionários públicos, pensionistas, trabalhadores, a Gomes Teixeira é um vendedor de banha da cobra. Um trapezista.

Tem contratos de dezenas de anos. Queima-os. Tesoura nas reformas, nos salários, nos vencimentos. Exige-lhes mais do triplo do que com os outros perde. Este Governo não pensa nem sente. Não tem alma. Pensa como um “Magalhães” de geração já vetusta.

Está aí o busílis! Reclamam-se facturas a gente que é tão espoliada quanto nós, pela fracção da cautela de dez milhões.

Ganha-se a indisposição do semelhante.O ministério dos impostos entrega milhões a bancos e swaps.

Quem paga o prémio? O ministério das finanças ou a Santa Casa? Aqui é que bate o ponto. Corre-se o risco (certo e não é “risco”) do prémio ser revogado por circular da ministra. O risco é enorme, tão “enorme” quanto a tesoura do Governo.

O Orçamento do Estado  é um tsunami que arrasa tudo . Não deixa nada de pé, pedra sobre pedra. Não tem dinheiro para nada, quanto mais para sorteios de milhões.

Com um Governo mínimo, onde vai parar a Pátria?

Ou o Governo muda de povo, ou o povo de Governo.

Procurador-Geral Adjunto

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