Grupo criminoso brasileiro ameaça com “copa do terror”

Primeiro Comando da Capital (PCC) põe autoridades em alerta. Detido tenente da Polícia Militar suspeito de integrar o grupo.

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Operação da Polícia Militar contra o PCC no ano passado em São Paulo Nacho Doce/Reuters

A maior investigação ao crime organizado no Brasil terminou com um retrato completo do Primeiro Comando da Capital (PCC), mostrando que toda a cúpula dirigente do grupo criminoso continua a gerir “uma rotina interminável de crimes”, segundo o Estado de São Paulo: ordena assassínios, encomenda armas e toneladas de cocaína e haxixe.

O grupo, que domina 90% das prisões de São Paulo, factura anualmente cerca de 120 milhões de reais (40 milhões de euros) – se fosse uma empresa estaria entre as 1150 maiores empresas do país em volume de vendas, diz o jornal, com base na investigação que durou três anos e meio.

Ontem foi ainda anunciada a prisão de um tenente da Polícia Militar por suspeitas de que integraria o grupo criminoso.

Este está a ameaçar uma “copa do Mundo de terror”, com acções durante o Mundial de Futebol que se realiza no Brasil no próximo ano, e ainda ataques durante as eleições, se for seguida a recomendação do Ministério Público de colocar 32 presos, incluindo a liderança do grupo criminoso, em regime disciplinar diferenciado numa outra prisão, de segurança máxima.  

O Ministério Público diz ter provas da acção criminosa do movimento, presente em 22 estados brasileiros e em dois outros países (Bolívia e Paraguai), através de escutas telefónicas autorizadas, testemunhos e informações resultantes de apreensão de centenas de quilos de drogas e armas. Nas conversas telefónicas havia ainda combinação de planos de resgate de presos, atentados contra a Policia Militar, e autoridades – o Estado de São Paulo fala mesmo de um plano de assassinar o governador, Geraldo Alckmin. E nas gravações há ainda combinações de pagamentos a polícias.

O PCC detém ainda, diz o Minsitério Público, um arsenal de uma centena de espingardas e sete milhões de reais (cerca de 2,8 milhões de euros) enterrados sob sete imóveis comprados pelo grupo.

O PCC foi fundado em 1993 com a missão de melhorar as condições das prisões e os direitos dos presos, e de vingar o massacre do Carandiru, do ano anterior, em que a polícia militar matou mais de cem presos ao reprimir um motim (o julgamento da violência numa das que era então uma das maiores prisões da América do Sul, com dez mil presos, deverá concluir-se apenas em Janeiro do próximo ano).

Em Maio de 2006, a violência nas prisões ligada ao PCC foi de tal modo que a cidade de São Paulo ficou paralisada durante quatro dias – e deixou ainda 200 pessoas mortas. Para além de motins nas prisões, houve ataques a esquadras de polícia, quartéis da polícia militar e agências bancárias.
 
 
 

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