Para 300 postos de trabalho, a nova loja da Primark recebeu 26 mil candidaturas

Cadeia irlandesa de vestuário abriu a maior loja da Península Ibérica em Lisboa e tem planos para continuar a expandir-se em Portugal.

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Vestidos de preto, com camisolas a dizer I love Primark Colombo, os trabalhadores da nova loja da cadeia de vestuário irlandesa alinham-se no corredor principal. Seguram balões azuis e ouvem o discurso de Breege O’Donoghue, directora de recursos humanos do grupo e responsável pelo desenvolvimento de negócios. As portas ainda estão fechadas. Os clientes estão lá fora, à espera, numa fila compacta que se começou a formar bem antes da hora marcada para a abertura oficial da maior loja da Primark da Penísula Ibérica.

Breege O’Donoghue fala português com um sotaque cerrado. Dá as boas-vindas aos trabalhadores que conseguiram um lugar entre os 300 que a cadeia recrutou. No processo de candidatura ficaram pelo caminho 25.700 pessoas. O discurso é de motivação. Há palmas, nervoso miudinho. “Até tenho o coração a bater mais rápido”, diz uma das trabalhadoras, tocando no peito.

Começa a contagem decrescente, repetida em uníssono. As portas abrem-se e os primeiros clientes entram na loja, surpreendidos e meio encavacados com a recepção. Rapidamente a “formatura” se desfaz e os quase cinco mil metros quadrados da Primark são invadidos por mulheres e carrinhos de bebés. Poliana Nascimento, 24 anos, parecia não ter mãos a medir. Escolhia camisolas de algodão a grande velocidade, atirando-as para o cesto que lhe entregaram à entrada. “Olho, pego e ponho dentro do cesto. Só no final é que vejo melhor a roupa e decido o que quero mesmo comprar”, conta. Veio de propósito para a abertura, não se incomodou com a fila, nem como aparato. “Venho pelo preço. A qualidade não é assim tão boa”, diz, acrescentando que no Brasil, de onde veio há um ano, não “há filas, nem é comum ter multidões” na abertura de uma loja nova.

A loja, imaculadamente arrumada, está agora à mercê das clientes que viram e reviram camisolas a três euros. Ary veio do Montijo “de propósito” para comprar roupa para a filha. “Venho porque preciso. Ainda nem consegui ir ao outro lado ver roupa para mim e já tenho o cesto cheio”, diz. Sofia Alcobia, uma estudante de 22 anos, esteve mais de uma hora na fila à espera de entrar sem uma queixa. “Vim por curiosidade e com intenção de fazer compras”, conta.

José Luis Martinez, director da Primark para a Península Ibérica, não avança dados do investimento feito com a oitava abertura em Portugal. Admite que há planos para mais lojas, nomeadamente, no Porto. “O complicado é encontrar grandes espaços e as melhores localizações”, diz.

A fórmula de preços baixos e grandes volumes “funciona” em Portugal e mesmo a contracção no consumo – que levou a uma queda global nas vendas de roupa – não travou os planos de expansão da cadeia irlandesa, que pertence ao grupo Associated British Foods.  “Os consumidores são muito exigentes, conhecem bem o têxtil, gostam de moda, vêm com muita frequência à loja e são clientes jovens. Tanto em 2009, quando a situação económica era diferente, como em 2013, continuam a comprar”, continua José Luís Martinez.

A Primark tem 257 lojas em oito países da Europa e emprega perto de 47 mil trabalhadores.
 
 

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