Obama cancela visita à Ásia, por causa da crise orçamental

Directora do FMI preocupada com risco de falta de acordo para aumentar limite da dívida norte-americana.

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Obama anulou digressão asiática e falha provável encontro com Putin Jason Reed /REUTERS

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, anulou uma viagem programada para a Ásia, na próxima semana, devido à crise orçamental dos Estados Unidos. o chamado shutdown

“Diante da paralisia do Estado federal, a viagem do Presidente Obama à Indonésia e ao Brunei foi cancelada”, informou na quinta-feira a Casa Branca.

“O cancelamento desta viagem é mais uma consequência da decisão da Câmara de Representantes de forçar a paralisação do Governo. Esta paralisia, totalmente evitável, atrasa a nossa capacidade de criar postos de trabalho com a promoção das exportações americanas, assim como a liderança e os interesses dos Estados Unidos na maior região emergente do mundo”, acrescenta.

Republicanos e democratas responsabilizam-se mutuamente pela falta de entendimento sobre o orçamento e pelo impasse. Os primeiros controlam a Câmara dos Representantes e recusam-se a aceitar a reforma do sistema de saúde, conhecido como Obamacare.

Obama tinha já encurtado a prevista deslocação à Ásia, anulado visitas previstas para antes da reunião, à Malásia e às Filipinas. Após a cimeira do Fórum da Cooperação Económica Ásia-Pacífico (Apec), em Bali, que começa segunda-feira, estava previsto que o Presidente dos Estados Unidos participasse, a partir de quarta-feira, na cimeira de outra importante organização, a Asean (Associação das nações do sudeste asiático), no Brunei.

O secretário de Estado, John Kerry, presidirá a delegação norte-americana que participa na cimeira de Bali, na Indonésia. Participam no encontro 21 países que representam cerca de metade da riqueza mundial. Estarão presentes, entre outros, os Presidentes chinês, Xi Jinping, e russo, Vladimir Putin.

Era esperado que, durante a reunião da Apec, Obama e Putin discutissem também pessoalmente a situação na Síria. No final de Setembro, o Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou uma resolução sobre a destruição do arsenal químico da Síria, após um acordo entre Moscovo e Washington.

Largarde preocupada
A directora do Fundo Monetário Internacional, Christine Lagarde, manifestou, entretanto, preocupação com o risco de falta de um acordo - que terá de ser alcançado até 17 de Outubro - entre republicanos e democratas para aumentarem o limite da dívida norte-americana. Um tal cenário seria, em sua opinião, pior para a economia global do que o actual shutdown – encerramento parcial dos serviços governamentais nos Estados Unidos.

“A paralisia orçamental já é suficientemente nefasta mas a incapacidade de aumentar o tecto da dívida seria ainda pior e poderia causar danos não apenas aos Estados Unidos mas também ao conjunto da economia mundial”, alertou Lagarde, num discurso em Washington.

O Departamento do Tesouro dos Estados Unidos foi mais longe e adiantou que o incumprimento da dívida levaria a uma crise financeira tão grave ou pior do que a de 2008.

Também os mercados financeiros estão apreensivos com a situação. A bolsa de Nova Iorque encerrou na quinta-feira, pelo terceiro dia consecutivo, com perdas – o Dow Jones Industrial Average perdeu 0,90% enquanto o Nasdaq Composite Index desceu 1,07%. O mais alargado Standard & Poor’s 500 caiu 0,90%. Não é apenas o encerramento dos serviços governamentais que preocupa os investidores mas também a aproximação da data limite para aumentar o limite da dívida pública.

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