Insectos mudam comportamento sexual para se protegerem das tempestades

Conclusão é de um estudo das universidades de São Paulo e de Western Ontario.

Cientistas no Brasil e no Canadá demonstraram pela primeira vez que os insectos alteram o seu comportamento sexual antes de uma tempestade, reduzindo o empenho na sedução e tempo de acasalamento quando a pressão atmosférica baixa.

Liderados por José Maurício Simões Bento, da Universidade de São Paulo, os investigadores daquela instituição e da Universidade de Western Ontario estudaram o comportamento sexual de três espécies muito diferentes de insectos – um besouro (Diabrotica speciosa), uma traça (Pseudaletia unipuncta) e um pulgão (Macrosiphum euphorbiae) – em condições de diminuição, aumento e estagnação da pressão atmosférica.

Com recurso a um instrumento que avalia a resposta dos insectos a um odor, os cientistas expuseram machos de besouro a extractos de feromonas femininas e observaram que, em baixas pressões atmosféricas, os bichos mostravam menos movimento e menos interesse nas fêmeas do que nas pressões atmosféricas estáveis ou a subir.

Observaram também que, quando em contacto com as fêmeas, os machos não dedicavam grande esforço na sedução e o acasalamento ocorria mais depressa em pressões atmosféricas em queda, normalmente associadas a chuvas e ventos fortes.

Este comportamento, admitem os cientistas, pode explicar-se como a resposta a um sentido de morte iminente.Para Maurício Bento, a redução do interesse sexual nas horas que antecedem uma tempestade é uma forma de adaptação que “reduz a probabilidade de lesões ou de morte do insecto, o que faz sentido se se considerar que os ventos fortes e as tempestades de chuva podem ser fatais para estes animais”.

Também as fêmeas de traça e de pulgão modificaram o seu comportamento sexual perante mudanças na pressão atmosférica.

“Estes resultados mostram que três espécies muito diferentes de insectos mudam aspectos do seu comportamento sexual em resposta a mudanças nas pressões atmosféricas”, o que sugere que todos os insectos se adaptam à possibilidade de mau tempo, disse Maurício Bento.

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