RTP vai “externalizar” parte da produção e trabalhadores estão contra

Plenário de trabalhadores denuncia pretensão da administração de acabar com boa parte da produção do serviço público e receia despedimento colectivo.

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Com a passagem de parte da produção para entidades externas, os trabalhadores temem que esteja em preparação um despedimento colectivo Foto: Pedro Cunha

A RTP anunciou aos sindicatos que tenciona “externalizar” boa parte da produção que faz actualmente, porque precisa de cortar custos. A administração promete manter o maior número possível de postos de trabalho, mas os trabalhadores querem ser ouvidos antes da decisão.

Os trabalhadores e os sindicatos receiam que esta nova estratégia para a RTP seja o primeiro passo para um despedimento colectivo, exigem a manutenção e até mesmo o reforço da capacidade produtiva da RTP e vão pedir ao ministro e aos grupos parlamentares para os receberem.

Os trabalhadores da RTP reuniram-se esta quarta-feira em plenário convocado pela plataforma dos sindicatos da empresa, que recebeu há dias a carta da administração da empresa que formaliza aquilo que o PÚBLICO já noticiara.

No documento das Grandes Opções do Plano para 2014, o Governo diz que a nova RTP será “mais focada como programadora e agregadora de conteúdos audiovisuais e mais capacitada para se posicionar como o grande agente dinamizador do mercado de produção audiovisual independente”. Ou seja, o serviço público perderá – ou pelo menos diminuirá significativamente – a sua componente de produtor de conteúdos. No mesmo documento, o executivo admite que terão de existir mais medidas de redução da despesa.

De acordo com a resolução aprovada por unanimidade hoje no plenário sindical, a administração enviou uma carta à plataforma sindical em que admite a “externalização de algumas áreas de produção” com salvaguarda “da manutenção do maior número de postos de trabalho possível” combinada com “a exigência de redução de custos com pessoal”. A equipa de Alberto da Ponte “não subscreve a leitura dos sindicatos quanto à ‘necessidade imperativa de manter a actual capacidade produtiva instalada’ na RTP”.

Os trabalhadores exigem a “manutenção e reforço da capacidade produtiva instalada na RTP e a salvaguarda da capacidade dos centros de produção da empresa, incluindo os centros regionais de televisão e rádio”. Também reclamam garantias de que “não haverá qualquer despedimento colectivo, como parece indiciar a carta de resposta da administração aos sindicatos”.

Também foi decidido mandatar os sindicatos para pedirem audiências urgentes aos ministros da tutela e das Finanças e aos grupos parlamentares para que aconteçam antes de dia 9, a data marcada pelo ministro Miguel Poiares Maduro para ir ao Parlamento apresentar aos deputados o plano para o futuro da RTP. A intenção é que os sindicatos e a comissão de trabalhadores sejam ouvidos antes que seja tomada qualquer decisão sobre a RTP.

Os trabalhadores pediram também à administração um relatório sobre a “produção e meios próprios da empresa e trabalhos entregues a produtoras externas”.
 
 

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