Maioria vê “tendência positiva” na descida do desemprego, oposição alerta para taxa elevada

A leitura sobre evolução dos dados do desemprego nesta terça-feira voltou a divergir entre os partidos.

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Em Agosto, 877 mil pessoas estavam desempregadas Paulo Pimenta

A taxa de desemprego recuou uma décima entre Julho e Agosto, para 16,5% da população activa, segundo o Eurostat. Se, para o PSD e o CDS-PP, a descida representa uma “tendência positiva”, para o PS, os números não traduzem um real desagravamento do número de desempregados. O PCP e o Bloco de Esquerda alertam para a desprotecção dos desempregados.

Para o líder parlamentar do PSD, Luís Montenegro, “os números que hoje foram conhecidos são muito elucidativos porque revelam uma tendência muito positiva e já consistente de diminuição da nossa taxa de desemprego”. “Estamos a falar de seis meses em que a taxa tem vindo a diminuir e é hoje cerca de 1% mais baixa do que em Fevereiro deste ano”, enfatizou, em declarações aos jornalistas no Parlamento.

Montenegro ressalvou, porém, que “na maioria e no PSD ninguém desconhece que o desemprego em Portugal é elevado”. Para o líder da bancada do PSD, esta diminuição do desemprego “vem dar corpo ao esforço que os portugueses e que o país está a desenvolver, em consonância com o espírito renovador do Governo”.

A mesma leitura é feita pela CDS-PP. Segundo o porta-voz do CDS-PP, João Almeida, há defendeu uma “tendência positiva”. “No último mês, o mais assinalável é que ao nível do desemprego jovem, que é uma preocupação muito grande, a redução é expressiva, estamos já com o menor desemprego jovem do último ano e meio”, defendeu.

Já o deputado do PS Nuno Sá assinalou que o Eurostat reviu em alta a taxa de desemprego registada em Julho, de 16,5% para 16,6%, recusando que tenha havido um desagravamento do número de desempregados em Portugal. “O que aconteceu hoje é que o Eurostat veio dizer que, em Julho, se enganou. Afinal, o número de desempregados em Julho ainda foi maior do que aquele que o Eurostat comunicou à data, e em Agosto não houve alteração da situação e o desemprego mantém-se nos 16,5%”, disse.

A deputada comunista Rita Rato considerou que a taxa permanece “gravíssima”, apesar da descida de 16,6% para 16,5%, e apontou para o contexto de corte de subsídio de desemprego, “em que menos de um terço tem acesso a esse apoio”. “Temos uma taxa de desemprego gravíssima, que significa um flagelo de milhares e milhares de famílias, dramas imensos num contexto de corte do subsídio de desemprego, em que menos de um terço tem acesso a esse apoio”, afirmou.

Para o PCP, “estes números confirmam uma política de destruição económica e social do país, deste Governo e das troikas, que é necessário derrotar e inverter”.

Mariana Aiveca, do Bloco de Esquerda, insistiu que a descida em Agosto é “débil” e “insuficiente”, sofrendo dos efeitos da “sazonalidade”. E apontou para a “grande descida da protecção social”, que afecta 490 mil desempregados.

“Estamos a falar de dados em que o efeito da sazonalidade é bastante visível. Ainda assim, do que estamos a falar é da descida da taxa de desemprego de uma décima, o que para o BE é claramente insuficiente”, afirmou aos jornalistas a deputada bloquista Mariana Aiveca.

Mariana Aiveca declarou ainda que, para o BE, “a grande preocupação é a existência de 900 mil desempregados, 490 mil dos quais não têm qualquer apoio social”.
 

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