SPD perde líder mas está disponível para avaliar coligação com Merkel

Peer Steinbrück anunciou na sexta-feira à noite a demissão. Acordo com a CDU passará sempre por referendo interno.

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Alessia Pierdomenico/Reuters

Sem líder mas com o Governo à vista. É assim o momento dentro do SPD alemão, derrotado nas eleições alemãs de há uma semana. O líder dos sociais-democratas, Peer Steinbrück, 66 anos, deixa o cargo.

O anúncio da saída surgiu na sexta-feira à noite, em Berlim, na convenção do partido. E cinco dias depois de os eleitores alemães terem quase dado uma maioria absoluta aos democratas-cristãos da CDU, liderados pela actual chanceler, Angela Merkel. Steinbrück aproveitou a reunião para informar que colocaria um ponto final na carreira política.

"O meu percurso político chegou a um fim ordenado. Agradeço ao SPD enquanto for vivo", disse aos colegas de partido, que se levantaram das cadeiras e reagiram com uma onda de aplauso.

O SPD obteve 25,7% dos votos, contra 41,5% da CDU que, apesar do bom resultado, procura agora um parceiro de coligação para formar Governo. Steinbrück já tinha afastado, durante a campanha, a hipótese de ser ministro num Governo de Merkel - experiência que, aliás, já teve, durante o mandato da coligação CDU-SPD entre 2005 e 2009.

Os liberais do FDP, que acompanhavam a CDU neste Governo, não reuniram votos suficientes para entrarem no Parlamento. E nesse cenário o SPD parece ser o parceiro preferido do partido da chanceler. Embora divididos internamente sobre essa possibilidade, os sociais-democratas declararam que estão disponíveis para discutir uma coligação com a CDU.

Coube ao presidente do SPD, Sigmar Gabriel, propor a disponibilidade para negociar com a CDU. Uma proposta que foi depois votada por cerca de 200 militantes reunidos na convenção. Porém, este é apenas um primeiro passo: qualquer decisão definitiva sobre uma coligação com a reforçada CDU terá sempre de ser aprovada pelos 470 mil militantes sociais-democratas. A ideia é convocar um referendo interno se as conversações entre os dois partidos desembocarem num acordo.

Para o SPD, um acordo de Governo ressuscita o medo de se tornar irrelevante. Na coligação 2005-2009, a CDU ficou com os méritos junto dos eleitores, que acabaram por castigar os sociais-democratas, que tinham a pasta das finanças, por medidas impopulares como o aumento da idade da reforma para os 67 anos.

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