Ambientalistas e políticos exigem mudanças

Reacções após a publicação do novo relatório do IPCC.

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Manifestação em Estocolmo, à porta do local onde foi divulgado o relatório do IPCC JONATHAN NACKSTRAND/AFP

Ban Ki-moon, secretário-geral das Nações Unidas: “Os olhos do mundo estão hoje em Estocolmo. Desde 1990 que o IPCC produz avaliações regulares e equilibradas dos impactos do aquecimento do planeta. Este novo relatório vai ser essencial para os governos na conclusão de um acordo legal ambicioso para as alterações climáticas em 2015. Para dar mais impulso a este processo, vou convocar uma cimeira do clima ao mais alto nível para Setembro de 2014. É urgente. Temos de agir agora.”

John Kerry, secretário de Estado norte-americano: “Se se reduzir o relatório do IPCC à sua informação essencial, o que se vai obter é isto: as alterações climáticas são reais, estão a acontecer agora, os humanos são os responsáveis por esta transformação, e só acções tomadas pelos humanos podem salvar o mundo das piores consequências das alterações climáticas. Isto não é um relatório rápido que pode ser largado num arquivo. Isto não é um documento político produzido por políticos. Isto é ciência. Os Estados Unidos estão profundamente comprometidos em liderar esta mudança.”

Al Gore, prémio Nobel da Paz e ex-vice-presidente dos Estados Unidos: “[O relatório do IPCC] reafirma o esmagador consenso de que o aquecimento global que está a ocorrer é causado pelos humanos. A crise climática é o maior desafio que a humanidade alguma vez enfrentou. Vai afectar tudo o que amamos e vai alterar o curso do nosso futuro. Agora, mais do que nunca, temos de nos juntar e resolver esta crise global. Temos de actuar de modo decisivo, estar à altura das circunstâncias e resolver este desafio monumental. É tempo – na verdade, já estamos atrasados  – de estabelecer um preço económico para o carbono e um preço político para a negação [das alterações climáticas].”

Connie Hedegaard, comissária da União Europeia para o clima, no Twitter: “É a ciência, estúpido. As alterações climáticas estão a acontecer, os humanos estão a causá-las e a acção é urgente. De que lado é que está? Do lado daqueles que querem agir com base em 95% de certeza ou do lado dos que querem apostar nos últimos 5% de dúvida? No dia em que os cientistas o alertarem para as alterações climáticas com 100% de certeza será demasiado tarde.”

Associação ambientalista portuguesa Quercus, em comunicado: “A conclusão é unânime: as alterações climáticas estão a acontecer e o maior causador são as actividades humanas. As previsões devem-nos deixar muito preocupados, mas ainda é possível evitar o pior. Os governos devem criar mais fundos para aumentar a resiliência e o apoio às comunidades vulneráveis que já sofrem os impactos das alterações climáticas. Mais recursos estariam disponíveis se os governos eliminassem os subsídios atribuídos aos combustíveis fósseis e, em vez disso, estimulassem o acesso às energias limpas e renováveis para todos.”

Samantha Smith, líder da iniciativa do clima e energia global do Fundo Mundial da Natureza (WWF): “Há poucas surpresas neste relatório, mas o aumento da confiança em muitas observações valida aquilo que estamos a ver a acontecer à nossa volta. Sejam quais forem os factos que possam ser discutidos, debatidos ou distorcidos, não podemos ignorar que temos de agir ou teremos de enfrentar impactos novos e assustadores. Sabemos que a maioria da poluição que causa as alterações climáticas é proveniente da queima dos combustíveis fósseis. A WWF pede aos governos e aos investidores que parem de investir nestas energias sujas e comecem de imediato uma transição para as [energias] renováveis.”

Stephanie Tunmore, Greenpeace: “A única resposta lógica a um aviso desta magnitude é a acção imediata. Infelizmente, os que agiram são agora os que estão na prisão na Rússia [em referência ao navio da Greenpeace apreendido no Árctico russo], enquanto os maiores responsáveis são protegidos pelos governos do mundo.”

Michel Jarraud, secretário-geral da Organização Mundial de Meteorologia: “Fizemos um longo percurso nos últimos 25 anos no nosso conhecimento acerca do sistema climático e do papel humano nas alterações do clima. [Este relatório] deve servir como mais uma chamada de atenção de que as nossas actividades hoje têm um profundo impacto na sociedade, não só para nós, mas para várias gerações que se seguem. Muitos dos extremos que aconteceram na última década não têm precedentes. O sumário do IPCC demonstra que temos de reduzir em muito as emissões globais para evitar os piores efeitos das alterações climáticas.”
 
 

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