Seguro em campanha de manhã à noite com críticas sistemáticas ao Governo

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O líder do PS mostrou sempre grande à vontade no contacto com os populares durante uma campanha de agenda cheia. Fernando Veludo/NFactos

O secretário-geral do PS tem feito uma campanha eleitoral autárquica intensa, de manhã até à noite, percorrendo todo o território continental, com críticas sistemáticas ao Governo, sobretudo dirigidas ao primeiro-ministro, a quem acusa de faltar à verdade.

Nos últimos dez dias, sempre que António José Seguro subiu à tribuna para discursar, fosse pequena ou grande a audiência, num centro urbano ou num município rural, o tema central da sua intervenção foi o mesmo: o projectado corte nas pensões da função pública.

Esta medida do Governo serviu para o líder socialista acusar Pedro Passos Coelho de faltar à palavra face ao que prometera em Abril de 2011 em relação às pensões e para protestar em tom veemente contra a “insensibilidade”, a “indignidade” e a “imoralidade” desse “corte retroactivo”.

Depois das pensões, o segundo ponto forte de ataque ao Governo tem sido a política da educação, que se acentuou após um anúncio sobre o fim da oferta universal do inglês no primeiro ciclo do ensino básico.

Durante a sua já longa carreira política, António José Seguro fez campanhas eleitorais ao lado de todos os anteriores líderes do PS, o que se reflecte no contacto com cidadãos, onde demonstra uma grande desenvoltura e, principalmente, uma elevada experiência, parecendo sempre ter o diálogo e o tom certos em cada momento.

Nesta campanha, em público, Seguro já dançou, acompanhou cantorias de ranchos folclóricos, fez caminhadas em calças de fato de treino, andou de bicicleta, bebeu imperiais e comeu tremoços nos mais variados “tascos”, provou morangos de vendedores de rua, experimentou vários tipos de queijos ou de enchidos, tomou ginja pelas 10h00 da manhã e até introduziu súbitas pausas em arruadas para apostar no euromilhões.

Mas Seguro foi também confrontado com muita frequência com casos de miséria social. Abraçou com força mulheres que choravam por não terem dinheiro para as refeições, susteve a revolta de pessoas que se queixaram de não ter trabalho e ouviu com paciência denúncias de cidadãos de todas as condições sociais sobre o que está mal na sua cidade, vila ou aldeia.

Antes dos comícios, o speaker de serviço ou os oradores que o antecedem apresentam sempre Seguro como “o futuro primeiro-ministro de Portugal” - não só um slogan de pré-campanha para as legislativas de 2015, mas também um sinal que se transmite de que a questão do candidato socialista está fechada internamente.

Nesta campanha autárquica, o secretário-geral do PS apoiou alguns candidatos socialistas em exercício de funções autárquicas, caso de António Costa em Lisboa. Porém, a principal aposta de Seguro foi entrar em campanha em municípios dominados pelo PSD, em particular naqueles em que o presidente de câmara social-democrata em funções já não se recandidata por ter atingido o limite de mandatos.

No plano oficial, o PS parte para as eleições de domingo com o objectivo de vencer o PSD em número de votos, embora as contas que os líderes federativos fazem por norma em qualquer distrito indicia que a direcção deste partido, no fundo, quer mais, ou seja, quer reconquistar a presidência da Associação Nacional dos Municípios Portugueses (ANMP), que perdeu em 2001 para os sociais-democratas.

 

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