Por cada 800 pagamentos, 200 são com cartão bancário

Número de transacções com cartões aumentaram de 70 mil milhões em 2005 para 91 mil milhões em 2011. Proporção de pagamentos em numerário deverá cair para 60% até 2020

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Em Portugal, o número médio de pagamentos electrónicos per capita é de 170 por ano Nelson Garrido

Num total de 800 pagamentos que uma pessoa faz, em média, por ano, 200 são com recurso a cartões bancários. Um estudo da consultora AT Kearney, divulgado nesta segunda-feira, antecipa a queda do dinheiro como meio de pagamento tradicional e prevê que a proporção de compras feitas em numerário deverá cair de 75 para 60% até 2020.

Ao mesmo tempo que o uso de cartões se propaga, o sector assiste a mudanças profundas: os bancos já não são os únicos actores neste mercado. Os pagamentos que não são iniciados através de uma conta bancária estão em crescimento, com a propagação dos pagamentos entre telemóveis ou outros sistemas como e-wallets (carteiras electrónicas).

“O aumento de pagamentos alternativos, a par de uma descida do uso de dinheiro pode potenciar receitas à indústria de pagamentos”, lê-se no estudo. A AT Kearney prevê que a facturação do sector na Europa quase duplique de 37 mil milhões de euros em 2010 para cerca de 65 mil milhões de euros em 2020. Os fornecedores de meios de pagamentos alternativos “ficarão com um terço das receitas em 2020, ainda que não devam representar mais de um quinto do número total de operações de pagamento realizadas”, continua o documento. Todas as novas soluções têm uma intenção comum: substituir o dinheiro físico.

Apesar da tendência, Pedro Castro, director da AT Kearney em Portugal, diz que esta realidade ainda está longe de acontecer. Quanto aos impactos que os meios altermativos de pagamentos terão no sector, adianta que o principal motor "será o crescimento do comércio electrónico, cujas transacções tipicamente não envolvem dinheiro físico".

"Esta transformação poderá ser encarada como uma ameaça ou como uma oportunidade para os operadores tradicionais de pagamentos. Na verdade, os bancos continuam a deter as melhores relações financeiras com os clientes, pelo que parcerias com empresas fornecedoras de meios de pagamento alternativos, sejam elas empresas tecnológicas ou operadores de telecomunicações móveis, podem criar valor para todas as partes", afirma.

Na União Europeia (a 27) o número de transacções electrónicas aumentou de 70 mil milhões em 2005 para 91 mil milhões em 2011. A consultora estima que os pagamentos sem recurso a dinheiro físico aumentem 8% ao ano e ultrapassem as 175 mil milhões de transacções em 2020.

Em Portugal, o número médio de pagamentos electrónicos per capita é de 170 por ano. A percentagem de pagamentos com cartões de débito e crédito é superior a 60% e “prevê-se que a tendência de crescimento registada ao longo dos últimos anos se continue a verificar”.

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