PS acusa Governo de “incompetência” na abertura do ano escolar

Líder parlamentar dos socialistas fala em “impreparação” e “incompetência”.

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Carlos Zorrinho apontou vários exemplos de anomalias nas escolas Daniel Rocha

O líder parlamentar do PS acusou nesta quinta-feira o Governo de ter revelado “impreparação” e “incompetência” na abertura do ano escolar, considerando que grande parte das deficiências resulta de uma política de “cortes cegos”.

A posição de Carlos Zorrinho foi assumida na Assembleia da República, numa conferência de imprensa em que criticou a forma como está a decorrer a abertura do novo ano escolar.

“A abertura do ano escolar revelou a impreparação e incompetência do Governo e do Ministério da Educação. Este Governo e este Ministério da Educação têm mostrado maior competência nos cortes cegos que fazem do que na organização do ano lectivo”, declarou o líder da bancada socialista.

“Verificamos a existência de um retrocesso brutal, algo que já não se passava há muitos anos. Temos salas de aula com um professor e alunos de quatro graus do Ensino Básico, exigindo-se ao docente o acompanhamento de quatro programas distintos. Como é possível haver qualidade de ensino nestas condições?”, questionou o presidente do Grupo Parlamentar do PS.

Carlos Zorrinho apontou também como exemplos casos de invisuais integrados em turmas de 28 alunos, mega agrupamentos planeados de uma forma que quebraram o princípio da proximidade, além do encerramento de muitos cursos profissionais.

Governo “desistiu de uma geração”
“Este conjunto de falhanços no início do ano lectivo é muito impressivo e permite concluir com grande tristeza que o Governo parece que desistiu de combater o insucesso e o abandono escolar. Se isso tiver acontecido, significa que o Governo desistiu de uma geração de portugueses, o que representa um dos erros políticos mais graves que se pode cometer”, advertiu.

De acordo com o líder parlamentar do PS, antes do início de funções deste Governo, havia “agrupamentos com dimensão apropriada, professores colocados a tempo e horas e turmas com um máximo de 30 anos”.

“Não havia integração de alunos com necessidades especiais em outras turmas e os manuais escolares estavam consolidados. Tínhamos um modelo que visava atingir um grande objectivo: 40% de formação superior na faixa etária de jovens entre os 24 e os 34 anos; taxa de abandono escolar reduzida a 10% até 2020; e médias de insucesso escolar compatíveis com as da OCDE”, disse.

No entanto, para Carlos Zorrinho, o actual Governo “não teve capacidade para dar continuidade ao que estava a correr antes bem” no tempo dos executivos socialistas.

“O que foi feito agora apenas piorou a qualidade do ensino”, advogou, antes de aludir à carta que o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, escreveu em Maio à troika (Banco Central Europeu, Fundo Monetário Internacional e Comissão Europeia), comprometendo-se em 2014 com um corte 350 milhões de euros na área da educação.

“Cortar na educação é cortar no futuro. O PS está sempre disponível para discutir reformas na educação, bastando para tal ver que as tecnologias mudam todos os dias. Mas o PS não confunde cortes com reformas”, acrescentou.

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