Human Rights Watch responsabiliza Assad por ataque com armas químicas

Investigação independente da organização de defesa dos direitos humanos confirma acusações dos EUA.

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Ataque fez mais de 1400 vítimas, entre as quais 429 crianças REUTERS/Bassam Khabieh

Uma investigação independente da organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch concluiu que as forças governamentais sírias foram as responsáveis pelo ataque com um gás nervoso nos arredores de Damasco, que matou mais de 1400 pessoas no passado 21 de Agosto.

“As provas disponíveis sugerem fortemente que o ataque com armas químicas em dois subúrbios de Damasco foi cometido pelas forças armadas do Governo”, diz a Human Rights Watch (HRW), que com base na informação recolhida desvaloriza a tese do regime sírio, que imputam o assalto aos combatentes rebeldes.

“Todas as provas relativas ao tipo de rockets utilizados nestes ataques apontam para sistemas de armamento que estão documentados como fazendo parte do arsenal utilizado pelas Forças Armadas da Síria”, lê-se no relatório hoje divulgado. “A HRW e os especialistas militares que têm monitorizado o uso de armas na Síria não documentaram até agora o recurso a rockets de 140 mm e 330 mm, como os que foram utilizados no ataque, por parte das forças de oposição da Síria”, acrescenta a organização.

A investigação da HRW consistiu na recolha de testemunhos de sobreviventes do ataque, na avaliação de relatórios médicos e análise de provas forenses obtidas no local dos ataques, nomeadamente fragmentos do armamento utilizado.

“Os resíduos dos projécteis e os sintomas das vítimas dos ataques em Ghouta fornecem dados suficientes sobre o tipo de armamento utilizado. Essa informação aponta claramente para o lançamento de rockets com ogivas químicas pelas tropas governamentais”, declarou o director de emergências da HRW e autor do relatório, Peter Bouckaert.

As entrevistas conduzidas com médicos que trataram as vítimas, bem como os sintomas observados, apontam para o uso de gás sarin ou um outro agente nervoso semelhante.

O documento, com 22 páginas, é a primeira confirmação não-governamental das acusações sustentadas pelos serviços secretos dos Estados Unidos, Reino Unido ou França relativamente à responsabilidade do regime do Presidente Bashar al-Assad.

A organização investigou ainda as “teorias alternativas” veiculadas pelo Governo, que acusou as forças rebeldes de estar por detrás dos acontecimentos de 21 de Agosto. Segundo o relatório, “essas alegações não são credíveis e revelaram-se inconsistentes com as provas encontradas no local”. A HRW diz que a tese de uma “explosão acidental na manipulação de armas químicas na posse da oposição não explica o largo número de vítimas em dois locais distintos a mais de 16 quilómetros de distância”.

“As provas irrefutáveis do uso de armas químicas no terrível conflito da Síria deveriam servir para recentrar o debate internacional na proibição do uso deste tipo de armamento e na necessidade de proteger a população civil da Síria”, considera Peter Bouckaert.

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