Morte de cinco bombeiros este ano ultrapassa média anual desde 1980

Morrem três bombeiros por ano em incêndios, 6,4 se forem contabilizadas todas as operações de socorro.

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No local está mais de uma centena de bombeiros Paulo Pimenta

Os cinco bombeiros mortos, este ano, no combate a incêndios florestais, ultrapassa já a média anual de três mortes verificada desde 1980, disse à agência Lusa o director nacional de bombeiros, da Autoridade Nacional de Protecção Civil, Pedro Lopes.

O responsável disse que a média de três bombeiros mortos por ano, desde 1980, era fixada devido aos incêndios de Armamar, em Setembro de 1985, em que faleceram 14 soldados da paz, e em Águeda, em Junho do ano seguinte, com 13 vítimas mortais.

Os anos de 1986 (com 16 bombeiros mortos), 1992 (com 12) e 2005 (16) foram aqueles em que mais bombeiros perderam a vida no combate a incêndios.

"Este ano, estamos já muito acima desse valor [médio]. Temos cinco mortos, lamentavelmente, e cinco feridos graves, até ontem, e mais três hoje", salientou Pedro Lopes.

O director nacional de bombeiros acrescentou que, no total de ocorrências de socorro, incluindo incêndios florestais, a média de mortos por ano desde 1980 é de "6,4 por ano".

Num ano em que já ardeu uma área superior a 60 mil hectares, em Portugal, segundo dados do Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais, Pedro Lopes revelou que grande parte dos fogos tem como causa a negligência.Recuperando elementos fornecidos pelas "forças de segurança", o director nacional de bombeiros afirmou que 30% dos incêndios são provocados por causas desconhecidas, 22% por causas intencionais e 40% por negligência. Oito por cento correspondem a reacendimentos.

Pedro Lopes ressalvou, no entanto, que, "das causas desconhecidas, muitas também são negligentes, senão na totalidade".

O que está a aumentar de forma "grave", segundo Pedro Lopes, é o número de começo de incêndios após o pôr-do-sol, o que, declarou o responsável da Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC), denota intencionalidade no fogo.

"O que é um facto é que o número de ignições após o pôr-do-sol aumentou este ano", afirmou, lembrando que, no distrito de Viana do Castelo, "apareceram 31 novos focos de incêndio, o que é inacreditável, pois, a essa altura, não há intervenções nas matas ou florestas".

De acordo com Pedro Lopes, "o número de detidos" pela prática do crime de incêndio posto está a "aumentar" em relação aos anos anteriores. Na terça-feira, segundo a Polícia Judiciária, este número era de 43 detidos e dois identificados.

O responsável pelo corpo nacional de bombeiros na ANPC alertou, contudo, para o facto de os detidos serem presentes a tribunal e "saírem em liberdade", pelo que "continuam a ter liberdade para pôr mais fogos".

"É importante ter medidas severas", disse, referindo que "mais importante do que agravar o Código de Processo Penal, porque já é suficiente para penalizar crimes destes", ter-se-á de rever as medidas de coacção.

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