Greve de agricultores na Colômbia termina com confrontos e detenções

Jornada de luta contou também com mineiros, camionistas, profissionais da saúde e apoio da FARC.

O ministro do Interior da Colômbia confirmou a detenção de 22 pessoas que participaram numa jornada de luta de trabalhadores do sector agro-pecuário, convocada por sindicatos dos agricultores, mineiros e camionistas, e que contou com a solidariedade dos profissionais da saúde e o apoio das FARC.

Segundo o governante, as detenções tiveram a ver com situações de vandalismo e obstrução da circulação rodoviária. “O Governo defende os direitos de todos os colombianos, incluindo o direito à greve. Não nos opomos aos protestos sociais, mas ao mesmo tempo vamos assegurar que os direitos fundamentais como a mobilidade, a saúde e a educação são preservados”, declarou Fernando Carrillo.

O porta-voz da Mesa Nacional de Diálogo Agrário, Eberto Diaz, apontou para uma participação de 150 mil a 200 mil trabalhadores na greve. Os manifestantes organizaram marchas em várias cidades, e levantaram bloqueios de estradas em vários províncias do país. De acordo com a AFP, nalguns pontos houve escaramuças entre os grevistas e as forças da autoridade, que fizeram pelo menos oito feridos.

O dia de greve, que coincidiu com um dia feriado na Colômbia, pretendia assinalar o descontentamento dos produtores de cacau, batata e arroz, criadores de gado e outros grémios do sector primário com o Governo do Presidente Juan Manuel Santos, que acusam de não ter cumprido as promessas feitas ao sector e de ter prejudicado os seus interesses com a assinatura de vários tratados de livre comércio.

Os agricultores reivindicam o estabelecimento de preços mínimos para determinados produtos e exigem o controlo do preço dos insumos agrícolas. Também reclamam garantias de acesso a terras de cultivo e a constituição das reservas agrícolas para as comunidades indígenas, que estão previstas na lei desde 1994 mas nunca passaram do papel.

Em Fevereiro, os produtores de café pararam em protesto durante dez dias. Os preços do café atingiram o preço mais baixo dos últimos quatro anos nos mercados internacionais, e os agricultores querem que o Governo garanta o pagamento do Programa de Protecção de Rendimento do Café.

Os mineiros associaram-se à greve, para exigir a regulamentação da sua actividade. A Associação Nacional Sindical de Trabalhadores e Funcionários Públicos da Saúde, que conta com mais de 16 mil membros, também se juntou ao dia de greve, reclamando mais recursos para os hospitais. Durante o dia, foram apenas cumpridos os serviços mínimos, com o atendimento dos casos de urgência.

Em comunicado, as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), que estão a negociar com o Governo de Bogotá o fim da luta armada, tornaram público o seu apoio à greve. “Cremos que não haja ninguém que não reconheça as razões para a indignação dos sectores populares mais humildes e empobrecidos, atingidos pelas políticas económicas neoliberais”, dizia o comunicado.

O grupo guerrilheiro pediu a contenção do Governo, sublinhando que a solidariedade do movimento com o protesto dos agricultores “não podia dar cobertura ao tratamento violento por parte das forças do Estado contra aqueles que aspiram obter soluções prontas e eficazes para os seus problemas”.

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