Gabinete do primeiro-ministro esclarece não ter fornecido documentos à SIC e Visão

O gabinete de Passos Coelho respondeu à estação de televisão, que na quarta-feira tinha afirmado que os documentos que divulgou eram os que tinham sido entregues no gabinete do primeiro-ministro. Finanças dizem desconhecer origem do documento divulgado pelos media.

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Passos Coelho recandidata-se à liderança do PSD NUNO FERREIRA SANTOS

O gabinete de Passos Coelho emitiu esta quinta-feira um comunicado esclarecendo não ter fornecido à SIC e à Visão os documentos divulgados por estes dois meios, relativos às propostas de contratos swap apresentados pelo Citigroup ao Governo Sócrates.

“Com o intuito de afastar as dúvidas que têm sido levantadas pela comunicação social, o gabinete do primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, vem esclarecer que os documentos sobre alegados encontros entre membros do anterior gabinete e elementos de grupos financeiros, divulgados pela estação de televisão SIC e pela revista Visão, não foram fornecidos pelo actual Gabinete”, lê-se no comunicado enviado esta quinta-feira às redacções.

O gabinete de Passos Coelho respondeu assim à estação de televisão, que na quarta-feira tinha afirmado que os documentos que divulgou eram os que tinham sido entregues na residencia oficial do primeiro-ministro.

No dia em que o Ministério Público anunciou estar a investigar o caso, a SIC garantiu que não manipulou o documento do Citigroup que esteve na base da polémica que culminou com a demissão do secretário de Estado do Tesouro, Joaquim Pais Jorge. E afirmou que a apresentação que revelou foi entregue na residência oficial do primeiro-ministro, sugerindo que o documento que o Ministério das Finanças revelou como o original terá sido entregue no IGCP (Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública).

“O documento a que a SIC teve acesso veio da residência oficial do primeiro-ministro e aquele que o Ministério das Finanças divulgou veio do IGCP”, explicou o jornalista Anselmo Crespo, durante o Jornal da Noite de quarta-feira.

As direcções de informação da SIC e da Visão emitiram ainda um comunicado conjunto, afirmando que “não forjaram nem manipularam qualquer documento sobre a polémica dos swaps ou qualquer outro assunto.”

“A SIC esclarece que o documento em causa, a que a SIC e a Visão tiveram acesso, foi entregue pelo Citigroup ao Governo do então primeiro-ministro José Sócrates”, acrescenta o mesmo comunicado, em que são pedidos esclarecimentos ao executivo. “O Governo deve esclarecer se houve ou não manipulação de documentos públicos, que documentos foram forjados e por quem.”

Esta posição surge depois de o Ministério das Finanças ter dito na terça-feira que o documento que envolvia Pais Jorge na proposta de swaps para esconder défice feita ao Governo Sócrates tinha sido manipulado.

Esta quinta-feira, um novo esclarecimento das Finanças vem acrescentar que o Ministério "não atribuiu responsabilidades" sobre as "incongruências óbvias" dos dois documentos conhecidos, o que está depositado no IGCP e aquele que foi divulgado pela SIC e pela Visão. "Desconhece-se, nomeadamente, a fonte dessa informação", acrescenta a nota do ministério liderado por Maria Luís Albuquerque.

Na terça-feira à noite, num comunicado às redacções, o Ministério das Finanças divulgou o que diz ser o documento original da apresentação do Citigroup e compara-o com o documento que tinha sido tornado público. A principal diferença é que no primeiro não consta o nome do actual secretário de Estado do Tesouro e no segundo Joaquim Pais Jorge é identificado como um dos elementos da equipa que sugeriu ao Governo de José Sócrates, em 2005, uma operação de swap para reduzir o valor do défice público.

As Finanças dizem que ao documento foi retirada a numeração, ao mesmo tempo que era colocada na segunda página uma listagem da equipa do Citigroup encarregue da área das infra-estruturas - de que fazia parte Joaquim Pais Jorge -, mas que não é a mesma que faz propostas de swaps com dívida pública.

Pais Jorge acabou por se demitir nesta quarta-feira de manhã, queixando-se do "lado podre da política", mas a polémica continua. O Ministério Público está a investigar a alegada manipulação destes documentos.

 
 
 
 

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