FMI: Alemanha deve recalibrar política se as perspectivas económicas se degradarem

A política económica de Berlim, muito baseada na consolidação orçamental, não reúne consenso entre os técnicos do FMI.

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A medida já foi contestada pela Alemanha MAURIZIO GAMBARINI Foto: Maurizio Gambarini/AFP

O Fundo Monetário Internacional (FMI) sugeriu que a Alemanha "recalibre" a sua política se as perspectivas económicas se degradarem, uma possibilidade que a instituição equaciona seriamente, insistindo nos riscos que pesam sobre a maior economia europeia.

No relatório anual divulgado nesta terça-feira sobre a economia alemã, os responsáveis do Fundo "incentivam uma recalibragem da política se o crescimento ficar abaixo das expectativas".

Esta afirmação refere-se sobretudo ao próximo ano, esclareceu Subir Lall, um dos autores do relatório, em conferência de imprensa telefónica convocada hoje a propósito deste documento.

O FMI estima que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) da Alemanha seja de 0,3% este ano e de 1,3% em 2014, mas o relatório enumera uma série de riscos que pesam sobre estas previsões: "A Alemanha está particularmente exposta a um abrandamento da procura e/ou a uma pressão financeira", alerta a instituição, reconhecendo, no entanto, os "fundamentos sólidos" da economia germânica.

Ao passo que, no ano passado, a economia alemã parecia ainda relativamente imune à crise que enfrentavam os seus parceiros europeus, hoje "a situação mudou", refere o documento, e a incerteza em torno da recuperação na zona euro pesa muito e reflecte-se na hesitação das empresas em investir no país.

Assim, "as perspectivas piores para a Alemanha vão, por seu turno, pesar nas perspectivas de crescimento da região e do mundo", acrescentam os técnicos, descrevendo um mecanismo de "riscos estreitamente ligados e que se reforçam mutuamente".

A política económica de Berlim, muito baseada na consolidação orçamental, não reúne consenso entre os técnicos da instituição liderada por Christine Lagarde.

De acordo com o comunicado distribuído a propósito da divulgação do relatório, "alguns [responsáveis] vêem margem de manobra para uma política de estímulo [da economia] mais pró-activa".

O FMI insiste na responsabilidade da Alemanha na zona euro e em toda a Europa, sugerindo que Berlim comunique claramente "uma visão de longo prazo" para a integração europeia, que será "crucial para as famílias, para as empresas e para o sistema financeiro"

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