Human Rights Watch acusa regime sírio de usar mísseis balísticos contra zonas residenciais
Organização já tinha denunciado recurso a este tipo de armamento, em Fevereiro. Agora diz que, desde essa altura, foram disparados nove mísseis.
Mísseis balísticos disparados pelo regime sírio contra os rebeldes em zonas residenciais mataram numerosos civis, incluindo crianças, denunciou, nesta segunda-feira, a Human Rights Watch (HRW).
Nove mísseis balísticos disparados entre Fevereiro e Julho mataram pelo menos 215 pessoas, entre as quais uma centena de crianças, afirma a organização de defesa dos direitos humanos, visitando sete dos locais atingidos.
A HRW recolheu testemunhos de militantes e de habitantes. Um dos casos que relata é o de Hassan Yassine, morto em casa, com a mulher e os sete filhos menores, por um míssil disparado contra Alepo, Norte da Síria. “Os comandantes militares deveriam ter como política não utilizar mísseis balísticos em zonas habitadas por civis”, insiste a organização.
O repetido uso desses mísseis contra áreas populacionais “faz pensar que o Exército usa voluntariamente técnicas de guerra incapazes de fazer a diferença entre civis e combatentes, o que constitui uma grave violação do direito humanitário internacional”.
Segundo a HRW, boa parte desses mísseis foram disparados de uma base perto de Qalamun, a nordeste de Damasco.
A organização de defesa dos direitos humanos tinha já denunciado, em Fevereiro, o uso de mísseis balísticos contra regiões controladas pelos rebeldes. Na altura referiu quatro ataques e a morte de mais de 141 pessoas, incluindo 71 crianças. O Governo negou então estar a usar esse armamento.
Citando um relatório do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, de 2011, a HRW lembra que o Exército sírio tem um arsenal que inclui mísseis Scud, SS-21 Tochka e Luna-M.
Desde Março de 2011, data do início da revolta, que se transformou em guerra, contra o regime de Bashar al-Assad, foram mortas na Síria mais de cem mil pessoas, na sua maioria civis, segundo o último balanço das Nações Unidas.