Justiça francesa investiga deputado acusado de alusão a Hitler em discussão com ciganos

Político afirma que declarações divulgadas por um jornal foram tiradas do contexto.

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Bourdouleix, numa fotografia de 2006 FRANCK PERRY/AFP

Um tribunal francês lançou nesta terça-feira uma investigação contra um deputado da oposição, acusado pela imprensa de ter feito uma alusão a Hitler durante uma discussão com ciganos.

Gilles Bourdouleix, um membro do partido de centro-direita UDI, vai ser alvo de uma investigação preliminar por "apologia de crimes contra a humanidade", disse o procurador Yves Angers Gambert. Os investigadores vão analisar o registo das declarações de Bourdouleix feito por um jornalista. O deputado também poderá ser interrogado por investigadores.

Bourdouleix, que é também presidente da câmara de Cholet, uma cidade na região ocidental do país onde os ciganos se tinham instalado ilegalmente num terreno privado, provocou uma onda de reacções após a publicação das declarações no jornal Courrier de l’Ouest.

No site do jornal é possível ouvir o político, envolvido numa confusão, a afirmar “a lei aplica-se”. De seguida, mais baixo, acrescenta “Talvez Hitler não tenha morto que cheguem”. De acordo com o jornal, os nómadas que Bourdouleix procurava expulsar estavam naquele momento a fazer saudações nazis e acusações de racismo.

As declarações provocaram uma rajada de críticas da classe política francesa. O primeiro-ministro Jean-Marc Ayrault, disse que os comentários eram "indignos de um funcionário eleito da República" e são "condenáveis por lei". A pena para a “apologia de crime contra a humanidade" pode chegar aos cinco anos de prisão e a uma multa de 45 mil euros.

Também o presidente do Parlamento francês, o socialista Claude Bartolone, condenou as "palavras torpes", enquanto o secretário-geral da UDI, Jean-Christophe Lagarde, afirmou que a exclusão de Bourdouleix do partido é um dado adquirido e deve ser aprovada na quarta-feira.

O político já se defendeu, afirmando que as palavras foram tiradas do contexto e que a gravação publicada pelo jornal foi manipulada.
 

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