Snowden retido em Moscovo há um mês sem solução à vista

Advogado diz que o analista informático quer avançar para os tribunais se o pedido de asilo for recusado pelas autoridades russas.

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O analista informático chegou a Moscovo após uma estadia de quase um mês em Hong Kong Human Rights Watch/Reuters

Ao fim de um mês retido no aeroporto de Cheremetievo, em Moscovo, o analista informático Edward Snowden ainda não sabe qual será o seu futuro próximo. Nesta quarta-feira chega ao fim o prazo habitual para que as autoridades russas se pronunciem sobre um pedido de asilo (sete dias), mas o processo pode demorar até três meses.

O advogado de Snowden, o russo Anatoli Kucherena, voltou a dizer nesta terça-feira que espera um parecer positivo por parte das autoridades, mas fez saber que já tem um plano B, se o pedido de asilo for recusado. Se for este o caso, Edward Snowden "terá a oportunidade de contestar em tribunal a decisão do Serviço Federal de Migração", disse o advogado ao site do canal em língua inglesa Russia Today.

"É essa a intenção dele. Nas nossas reuniões, ele tem feito perguntas detalhadas sobre os procedimentos. E eu informei-o sobre as suas possibilidades, de acordo com a lei russa", disse Anatoli Kucherena.

Depois de uma reunião com representantes de organizações de defesa dos direitos humanos, no dia 12 de Julho, Edward Snowden não voltou a prestar declarações — o pouco que se sabe tem sido transmitido pelo seu advogado.

Segundo Anatoli Kucherena, o antigo analista informático da Agência de Segurança Nacional (NSA) norte-americana tem planos para arranjar emprego na Rússia, se o seu pedido de asilo for aceite. Mas tudo dependerá da vida que encontrar no país.

"Ele está a pensar em fazer vida aqui, em arranjar trabalho. Quaisquer outras decisões serão tomadas consoante a situação em que ele se encontrar", avançou o advogado.

O maior problema é a sua segurança pessoal, mesmo no caso de receber autorização para ficar no país. "Ele teme pela sua saúde e pela sua vida. Teme ser submetido a técnicas de tortura se for entregue aos Estados Unidos, e teme ser condenado à pena de morte", disse Kucherena.

O impasse na situação deve-se em muito à renitência de Moscovo em provocar um confronto directo com Washington, depois de a Casa Branca ter deixado claro que não aceita nenhuma outra opção que não seja a extradição de Edward Snowden.

Para além dos documentos secretos já divulgados sobre os programas de espionagem da NSA, Snowden terá em sua posse documentos que podem tornar-se no "pior pesadelo" da História dos Estados Unidos. A afirmação — interpretada por muitos como uma ameaça — é do jornalista norte-americano Glenn Greenwald, que tem escrito sobre o tema no jornal britânico The Guardian.

Para tentar contrariar esta ideia, responsáveis da Administração Obama disseram nesta terça-feira à CNN que Edward Snowden não levou da NSA "informação extremamente compartimentada" ou, por outra palavras, a agência de espionagem não ficou sem as suas "jóias da coroa".

Os responsáveis, que falaram sob a condição de anonimato, frisaram que não estão a desvalorizar a importância dos documentos que Snowden tem em seu poder, mas deixaram uma frase que vai nesse sentido: "Ter um diagrama não significa que se tenha o manual completo."

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