Exigência de eleições e possível moção de censura dos Verdes dominam plenário

Sessão parlamentar ficou também marcada pelo silêncio do CDS e pela ausência de referências à coligação na declaração do PSD.

Os partidos da oposição apontaram esta quarta-feira a irresponsabilidade como causa da crise política e exigem a convocação eleições para resolvê-la. O PEV insinuou mesmo poder avançar com uma moção de censura ao Governo.

 O PSD não falou em CDS nem Paulo Portas, opôs-se a eleições e pediu “solidariedade política”. Já o CDS indicou a reunião da liderança do partido para justificar a ausência de declarações políticas.

O líder parlamentar do PS, Carlos Zorrinho, afirmou que o “nível inimaginável” da crise é “fruto da irresponsabilidade do Governo”. O socialista citou a carta de demissão do ex-ministro das Finanças Vítor Gaspar e do ex-ministro dos Negócios Estrangeiros Paulo Portas para sublinhar a “incapacidade de liderança” do primeiro-ministro Pedro Passos Coelho, e o facto da “fonte primária de instabilidade política e social” ser o Governo.

A “falta de sentido de Estado” do primeiro-ministro e a exigência que “a palavra seja devolvida aos portugueses” pela “saúde democrática” apontam como “única solução” a realização de eleições, concluiu Zorrinho.

Também Catarina Martins, coordenadora do BE, reforçou que a crise política é sinónimo de “irresponsabilidade máxima” e sinal de um “absoluto desprezo pelos cidadãos”. A deputada bloquista, para quem os últimos dois dias foram a “cronologia da ópera-bufa” da coligação, acusou o primeiro-ministro de ter “zero sentido de Estado” e estar “agarrado ao poder que nem uma lapa”.

A realização de eleições é a “única resposta” que “resgata” a democracia, assegurou. Para Pedro Filipe Soares, líder parlamentar do BE, o silêncio do CDS, sinal de um partido “que se fecha em copas”, foi uma recusa em “assumir responsabilidades”.

Bernardino Soares, líder parlamentar do PCP, sublinhou que a “derrota profunda” do Governo é “fruto da luta das populações e trabalhadores” e que a demissão do Governo é a “única medida aceitável”.

Para o deputado comunista, a “patética novela” que se tem desenrolado nos últimos dias é “indigna” do regime democrático português. Soares acusou ainda Passos Coelho de ter ido “a correr buscar conforto a Berlim”. O PCP questionou se estão reunidas as “condições para o regular funcionamento das instituições” e acusou o PSD de não querer “largar o poder, custe o que custar”, e mesmo contra o parceiro de coligação, um “bicho que corroía por dentro”.

Os Verdes acusaram que outra solução que não a realização eleições é “traição ao país”. Heloísa Apolónia denunciou a “total falta de lucidez” do primeiro-ministro e a “total inutilidade” do Presidente da República se não dissolver a Assembleia da República, um “imperativo nacional” para o PEV.

A deputada deixou ainda antever uma possível moção de censura. “Não abdicaremos de nenhum, de nenhum, dos instrumentos que temos ao nosso alcance e ao nosso dispor para pôr fim a esta crise”, afirmou.

Couto dos Santos (PSD) desencorajou a realização de eleições, já que isso seria “pôr em causa os sacrifícios dos portugueses”. O deputado afirmou que “uma crise política” seria como “estar a sair de um túnel e alguém provocar um desabamento nesse preciso momento”.

Desvalorizando as exigências de eleições pelo BE e PCP, já que “faz parte do seu código genético”, Couto dos Santos apelou à “solidariedade política” com o PS. Os interesses partidários têm de ser sacrificados”, vincou o deputado.

Já o centrista Abel Baptista justificou a ausência de intervenção do CDS com o facto da liderança do partido estar “reunida”.

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