Novos imigrantes terão de pagar para aceder aos hospitais britânicos

Taxa anual de 235 euros será pedida apenas a cidadãos não-comunitários. Medida visa acabar com "abusos", diz o ministro da Saúde

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Jeremy Hunt diz que o Reino Unido não pode ter um "serviço internacional de saúde" Will Oliver/Reuters

Quem imigrar para o Reino Unido vindo de um país fora da União Europeia poderá ter de pagar à partida uma taxa de 200 libras anuais (235 euros) para aceder ao serviço nacional de saúde. A proposta integra um plano em estudo pelo Governo britânico para combater aquilo a que chama “turismo social” – na verdade, para reduzir a imigração.

“Dissemos muito claramente que temos um serviço nacional de saúde, não um serviço internacional de saúde, e estou determinado a pôr fim a todos os abusos”, disse o ministro da Saúde, Jeremy Hunt, numa entrevista nesta quarta-feira à Radio 4 da BBC, sublinhando que o sistema britânico é um dos poucos a nível mundial onde o acesso aos cuidados de saúde é totalmente gratuito para os recém-chegados. “Precisamos garantir que quem vive ou visita o Reino Unido contribui para o sistema da mesma forma que os contribuintes britânicos e garantir que fazemos o máximo para limitar a imigração ilegal.

Apesar de a proposta estar ainda na fase de consulta pública, Hunt explicou que a taxa deverá ser aplicada a todos os imigrantes extracomunitários, que pretendem ficar no Reino Unido por mais de seis meses, incluindo estudantes, e será cobrada nos primeiros cinco anos de permanência.

Os imigrantes comunitários vão continuar a ter acesso gratuito aos serviços de saúde, mas o Governo estuda formas de incentivar os hospitais a reclamarem os custos de tratamento junto dos países de origem. Visitantes extracomunitários que fiquem no país menos de seis meses podem também a pagar o custo das consultas médicas, à semelhança do que já acontece nos hospitais.

Associações de médicos reagiram com alarme à notícia. Temem que o novo sistema transforme os consultórios “numa espécie de controlos de imigração” e avisam que, por receio de serem denunciados ou por falta de dinheiro, doentes com doenças infecciosas deixem de procurar ajuda nos hospitais. O Governo garante, porém, que haverá grupos isentos, caso de pessoas infectadas com tuberculose ou HIV.

Além das restrições no acesso à Saúde, o Governo conservador já anunciou a intenção de limitar o acesso de novos imigrantes, incluindo comunitários, a várias prestações sociais e promete multas duras para quem contrate ou alugue casa a ilegais.
 

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