Governo: desgaste de Gaspar afastou continuidade para segundo ciclo

Fonte oficial reconhece que ênfase no discurso da austeridade teve custos políticos elevados para o Governo e para o ministro das Finanças.

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Rui Gaudêncio

O ministro de Estado e das Finanças Vítor Gaspar assumiu as despesas do discurso da austeridade, mas isso não o colocava na melhor posição para o segundo ciclo virado para a promoção do investimento, segundo fonte oficial do Governo.

Um dia depois de Gaspar ter divulgado uma carta em que assinala um défice de coesão no Governo, o executivo de Passos Coelho quer suavizar as críticas implícitas que foram feitas. O ciclo anterior focado no ajustamento orçamental exigiu grande sacrifício e esforço pessoal de Vítor Gaspar, sublinha a mesma fonte. A ênfase excessiva no discurso da austeridade – e que teve custos políticos elevados para o Governo e Vítor Gaspar, como reconhece o executivo – era necessária para garantir a credibilidade internacional e foi o ministro que assumiu todas as despesas.

Sem entrar em detalhes sobre o momento da decisão da saída de Vitor Gaspar ou se o parceiro de coligação Paulo Portas foi informado previamente, fonte oficial do Governo afirmou que a referência do ministro demissionário à falta de mandato para concluir atempadamente a sétima avaliação (e que segundo o próprio não lhe permitiu continuar a liderar a equipa das Finanças) está relacionada com o Tribunal Constitucional (TC).

Na carta, Gaspar refere-se, no entanto, ao Conselho de Ministros extraordinário de 12 de Maio, em que “apenas” nessa altura recebeu um mandato claro do Governo que permitia a conclusão da sétima avaliação. Antes dessa reunião, Paulo Portas recusou-se a assinar o acordo para a finalização da avaliação por inscrever como obrigatória a taxa de sustentabilidade sobre os pensionistas.

Questões como o défice de coesão no Governo ou fracturas na coligação são desvalorizadas no executivo. Fonte oficial aponta como sinal forte de liderança do primeiro-ministro a escolha de Maria Luís Albuquerque, que hoje toma posse como ministra das Finanças. Uma escolha que tem custos políticos imediatos. Divergências na coligação são menores, quando comparadas com outros governos de dois ou mais partidos na Europa, conclui a mesma fonte.
 
 
 

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